top of page

A morte e o estado intermediário - Sermão de 01/12/2024

Atualizado: 1 de dez. de 2024





Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá pela segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam. Hebreus 9.27,28


Introdução


Embora pesquisas recentes sobre a crença dos brasileiros em vida após a morte sejam escassas, estudos anteriores oferecem pistas relevantes.


Segundo uma pesquisa Datafolha de 2007, cerca de 71% dos brasileiros acreditavam em vida após a morte. Mais recentemente, o levantamento "Valores e Crenças no Brasil", realizado pela Fundação Perseu Abramo em 2019, constatou que 53% da população acredita na existência de céu, inferno e na vida após a morte.


Mesmo entre tribos humanas não civilizadas, é comum a crença na existência de algum tipo de vida após a morte. Essa ideia se reflete na organização de crenças religiosas, mesmo as mais primitivas, que frequentemente estão ligadas à necessidade de se viver de maneira que garanta uma boa condição no pós-vida.


Um exemplo disso são os rituais funerários de tribos indígenas, como os Yanomami, que realizam cerimônias elaboradas para honrar os mortos e assegurar que suas almas alcancem um destino favorável no mundo espiritual.


Neste domingo, iniciaremos a série "A Esperança da Igreja", com quatro reflexões bíblicas, que tratarão brevemente daquilo que representa a esperança cristã. Falaremos sobre o estado intermediário, a volta de Jesus, o Juízo Final e o perfeito estado eterno.


Hoje, quero, com o auxílio das Escrituras, refletir sobre o que acontece imediatamente após a morte e qual o impacto que uma decisão pessoal por Cristo exerce na vida de um ser humano.



o que é a morte?


A morte, no estágio atual da história da redenção, ocupa um lugar central na experiência humana.


Um dos princípios fundamentais da fé cristã é que Deus criou o mundo e declarou que tudo era muito bom (Gn 1.31). Ao criar o ser humano, Ele o fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27), concedendo-lhe a dádiva da imortalidade.


Originalmente, o plano divino era que o homem desfrutasse de uma vida imortal, vivendo em plena comunhão com o Criador e refletindo Sua glória.


Então, Deus disse: ― Façamos os seres humanos à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Dominem eles sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais de rebanho, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam sobre a terra. Então, Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gn 1.26,27

Na criação original, a imortalidade era uma realidade porque estava inserida em um contexto de retidão e plena justiça.


O mundo criado por Deus era perfeito, isento de maldade e pecado (Gn 1.31).


Contudo, a desobediência do homem ao mandamento divino trouxe o pecado à esfera humana, corrompendo a criação e introduzindo a morte como uma consequência inevitável (Gn 2.17; Rm 5.12).


Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, no dia em que comer dela, certamente você morrerá. Gn 2.17

Finalmente, declarou ao homem: “Visto que você deu ouvidos à voz da sua mulher e comeu da árvore da qual ordenei a você que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com dores você comerá dela todos os dias da sua vida. Ela lhe fará brotar espinhos e ervas daninhas, e você comerá as plantas do campo. Com o suor do seu rosto, você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará”. Gn 3.17-19

A Escritura apresenta a morte sob duas perspectivas principais. Primeiro, o pecado resultou na morte espiritual, rompendo a comunhão entre Deus e a humanidade. Essa separação, conforme ensinado em Isaías 59.2, é irremediável por esforços humanos, pois "as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus."


Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá. Ez 18.4

Segundo, a morte é também física, cumprindo a sentença proferida por Deus: "tu és pó, e ao pó tornarás" (Gn 3.19). Essa penalidade demonstra a justiça divina diante do pecado e o caráter transitório da existência humana em um mundo caído (Hb 9.27).


Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, Hb 9.27

Por vivermos em um mundo que pertence a Deus (Sl 24.1,2), e reconhecendo que Deus é justo e santo, esperamos que Ele julgue com justiça todo o mal. Por isso, todos nós haveremos de comparecer diante do Senhor.


O juízo, a que se refere o autor aos Hebreus, diz respeito ao resultado da resposta individual do ser humano ao evangelho da graça.


Deus promete livrar da condenação e da sua justa ira todos aqueles que, arrependidos, se convertem a Cristo, reconhecendo que Sua morte e ressurreição são os meios pelos quais Ele restaura a comunhão que o homem perdeu.


Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Rm 6.23

Por isso, a missão da Igreja é anunciar as boas novas, levando à todos os povos o conhecimento da glória de Deus revelada no evangelho. E de todas as nações do mundo, Deus reunirá para si aqueles que receberão o dom da salvação.


Ele lhes disse: — Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Mc 16.15


o que ACONTECE AO HOMEM QUANDO MORRE?



Como vimos, a morte não é o fim definitivo da vida, mas a transição para uma nova esfera de existência. Para aqueles que, arrependidos de seus pecados, creram em Cristo e o receberam como Senhor e Salvador, a morte introduz um estado de bem-aventurança temporária.


Este é um momento de descanso e paz na presença de Deus, enquanto aguardam a manifestação gloriosa de Jesus Cristo e o Juízo Final.


Então, ele disse: ― Jesus, lembra‑te de mim quando entrares no teu reino. Jesus lhe respondeu: ― Em verdade lhe digo que hoje você estará comigo no paraíso. Lucas 23.42,43

Por outro lado, para aqueles que rejeitaram deliberadamente o evangelho, permanecendo em seus pecados, a morte marca o início de um estado de condenação.


As almas dos ímpios são enviadas ao inferno, um lugar de tormento e separação de Deus. Ali, também aguardam o Dia do Senhor, quando enfrentarão o juízo final e a sentença definitiva será aplicada, culminando na segunda morte, o castigo eterno.


se ele fez tudo isso, então o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os injustos para o dia do juízo, 2 Pe 2.9


COMO É O ESTADO INTERMEDIÁRIO?



A Bíblia não nos apresenta em detalhes a natureza exata da existência no estado intermediário que antecede o Juízo Final. No entanto, ela fornece evidências suficientes para moldar nossa crença sobre esse período entre a morte e o Juízo Final.


Vejamos:


É um estado consciente: As Escrituras ensinam que, após a morte, tanto os justos quanto os injustos permanecem em um estado de existência consciente. Enquanto o corpo físico é sepultado e retorna ao pó da terra, a alma continua sua trajetória em um estado ativo e ciente de sua condição.


o pó volte à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu. Ec 12.7

― Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu, e foi sepultado. No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Então, chamou‑o: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”. Lc 16.22-24

O estado intermediário é o reflexo direto de nossa resposta ao evangelho durante a vida. Ele representa o destino eterno que nossa alma abraçou.


Aqueles que, pela graça de Deus, foram atraídos ao Senhor, renderam-se a Jesus e creram no evangelho, ao morrerem, entrarão na presença do seu Redentor.


Ali, desfrutarão de descanso e consolo na comunhão com Cristo enquanto aguardam o Juízo Final, onde receberão a recompensa por sua fidelidade e trabalho na causa do Reino de Deus.


Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e viver com o Senhor. Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos. 10Pois todos nós devemos comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer boas, quer más. 2 Co 5.8-10.

Para aqueles que escolheram os prazeres transitórios e irresponsáveis de uma vida sem temor a Deus, o estado intermediário será a confirmação do desejo que cultivaram em vida: permanecer afastados do único que poderia salvá-los.


Essa separação eterna começa imediatamente após a morte, onde os ímpios enfrentam tormento e desespero na ausência de Deus, antecipando o juízo final. O inferno existe e ele está no fim de uma vida sem Cristo.


"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." Mt 7.13,14

Devemos afirmar também que não há um purgatório, ou uma segunda chance. Cristãos Protestantes historicamente reconhecem que o destino eterno de uma pessoa é definido pela sua posição pessoal pelo evangelho.


Há um juízo imediato após a morte e ele é definido pela decisão que cada pessoa assumiu diante da realidade da morte de Cristo na cruz e sua triunfal ressurreição.


"Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." Jo 3.36

O estado intermediário não é o ponto final do plano da redenção. A esperança cristã não reside somente em estarmos com Cristo após a morte, mas em triunfarmos sobre a morte e ressuscitarmos na ocasião do seu retorno glorioso. Falaremos sobre isso nas próximas reflexões.


Porque, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. 1 Ts 4.16


aplicações práticas dessa doutrina


Cada doutrina bíblica conduz nosso coração a uma prática piedosa. A certeza da salvação pela fé em Jesus Cristo produz em nós diversos efeitos positivos. Vejamos:


  • A Bíblia proporciona clareza à respeito do destino eterno do homem, impedindo que fiquemos no escuro no assunto da eternidade. Em um universo repleto de tantas vozes que tentam minimizar o risco de uma vida sem o evangelho, as Escrituras continuam afirmando: arrependam-se e convertam-se (At 3.19).


  • O evangelho e a promessa de uma herança eterna: O evangelho não trata apenas do que Deus pode fazer por nós aqui e agora, mas de uma eternidade com Ele. A esperança do cristão está ancorada no céu e não nas circunstâncias temporais desta vida.

  • Ao refletirem sobre a morte à luz da eternidade, os cristãos adotam uma postura piedosa, vivendo de forma que honre o dom da salvação que receberam. A vida deixa de ser egoísta e passa a ser vivida "para a glória de Deus" (1 Co 10.31).

  • Por vencerem o medo da morte, sabendo que partirão para estar com o Senhor, os cristãos encaram a jornada da vida com leveza e confiança. A presente existência é apenas o primeiro capítulo da grande história de Deus. O bem triunfará, e estaremos para sempre com Cristo, no estado eterno de perfeição.



CONCLUSÃO


Eu precisei lidar com muita responsabilidade com essa doutrina quando, há um ano, me despedi do meu pai.


O impacto das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo impediram que eu fosse consumido pela dor do luto e me ajudaram a ressignificar o momento da despedida, mudando o "adeus" para um "até breve".


Jesus lhe disse: ― Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá eternamente. Você crê nisso? Jo 11.25,26

Essa confiança, que brota em nossos corações, é o efeito da salvação perfeita que recebemos. Cristo está vivo e salva eficazmente os que crêem nEle.


É essa esperança viva que me faz lhe perguntar: você tem certeza de vida eterna?


Você pode ter. Não por si mesmo, mas pelo evangelho.


Deus graciosamente enviou o Seu Filho para morrer na cruz em nosso favor. Ele subiu ao madeiro e suportou a ira de Deus para resgatar todos aqueles que irão herdar o dom da salvação. Deus validou a vida e o ministério de Cristo o ressuscitando dentre os mortos e promete salvar todos aqueles que abandonarem o pecado e receberem a Jesus como Senhor e Salvador.


Lembre-se: a vida eterna não é o prêmio dado aos que fizeram o bem, mas é a dádiva imerecida dada aos que creram em Jesus.


O evangelho não se trata de Deus recompensar heróis, mas converter e salvar os piores vilões! Que, no caso, somos eu e você!


Portanto, creia em Jesus nessa manhã! Peça que Ele te perdoe e transforme sua vida de dentro para fora!


Agora, arrependam-se e voltem-se para Deus, para que seus pecados sejam apagados. Então, da presença do Senhor virão tempos de renovação, e ele enviará novamente Jesus, o Cristo que lhes foi designado. Atos 3.19

Essa é a decisão mais importante que faremos em vida! Meu amigo, hoje você tem a escolha: vida ou morte, qual vai aceitar?


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

Comments


bottom of page