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O FATO HISTÓRICO DO EVANGELHO - Sermão de 05/02/2023

Atualizado: 5 de fev. de 2023





Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. 1 Coríntios 15:12-14


Introdução


Uma das grandes batalhas que a igreja trava nos dias atuais é conservar o mistério da fé cristã e a pureza de suas doutrinas em um mundo pós-moderno. Isso acontece por diversos fatores que devem ser levados em conta se quisermos ser eficazes em nos posicionarmos como uma igreja cristã e bíblica. Vejamos alguns pontos de tensão que enfrentamos:


  • Uma boa parte dos cristãos atuais são extremamente rasos no conhecimento bíblico. Eles chegaram à fé pela evangelização pentecostal e neopentecostal, que enfatiza a experiência religiosa em detrimento do conhecimento da verdade. E as mesmas experiências que esses cristãos afirmam ter podem ser emuladas em outras formas de culto, como o espiritismo e as religiões de matiz africana. Não é a toa que há muitos ex-pentecostais que hoje frequentam centros espíritas e terreiros, pois encontraram ali experiências similares e sem as mesmas cobranças de caráter ético e moral.


  • Na pós-modernidade, o conceito de verdade absoluta é visto como perigoso. Apregoar o único caminho de salvação, que é Jesus, ofende os ouvidos de nosssa geração. Por isso, muitos crentes fraquejam em suas convicções e acabam sendo vencidos por professores doutrinadores quando entram em debates no campo das idéias.


  • O mais grave, contudo, é que a maior parte dos crentes nem sequer sabe o que é o evangelho.


Em face desse desafio, propus em meu coração dedicar um mês inteiro para meditarmos sobre o evangelho da graça de Deus. É pouco tempo pela vastidão do assunto. Mas o fato de sermos uma igreja bíblica é um ponto a nosso favor, uma vez que ouvimos o evangelho semana após semana em nossas reuniões públicas de adoração. Por isso, sintetizei essas exposições em quatro mensagens:


  1. O fato histórico do evangelho

  2. A doutrina do evangelho

  3. A mecânica bíblica de salvação

  4. As advertências do evangelho


Sem uma verdadeira compreensão do que é o evangelho, não existe biblicamente salvação. E sem salvação, qualquer esforço pela maturidade espiritual será em vão. Espero que você vibre nessa aventura da mesma forma que eu vibrei em preparar essa palavra que vem direto do coração de Deus para o seu coração!



O que é o evangelho?


Vamos definir, primeiramente, o que é "o evangelho". Você percebe que utilizei um artigo definido na minha expressão: é "o evangelho", porque existe apenas um, da mesma forma que Jesus se identifica como "o caminho", porque existe apenas um.


A palavra grega para evangelho é 'ευαγγελιον' que significa basicamente "uma boa notícia". O conteúdo dessa 'notícia' foi anunciado previamente pelos profetas do AT e ao longo do Novo Testamento. O evangelho é o pilar da confissão de fé de cada cristão ortodoxo desse mundo, seja ele católico ou protestante. Leiamos as Escrituras:


O anjo, porém, lhes disse: — Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas 2:10,11

Este evangelho diz respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi, Romanos 1:3

Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a vocês, o qual vocês receberam e no qual continuam firmes. Por meio dele vocês também são salvos, se retiverem a palavra assim tal como a preguei a vocês, a menos que tenham crido em vão. Antes de tudo, entreguei a vocês o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. 1 Coríntios 15:1-4

O evangelho é o fato histórico da presença de Jesus Cristo em nosso mundo. Deus, na Pessoa de Seu Filho Jesus, veio a nós (Jo 1.14), pregou a boa notícia de salvação (Mc 1.15), morreu em uma cruz (Mc 15.37), ressuscitou ao terceiro dia (Mc 16.6), deu mandamentos aos apóstolos que escolhera (Atos 1.1,2) e voltou aos céus (At 1.9) , de onde prometeu voltar (Jo 14.3) para julgar os vivos e os mortos (2 Tm 4.1,2).


Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evangelho de Deus. Ele dizia: — O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho. Marcos 1:14,15

Mas Jesus, dando um forte grito, expirou. Marcos 15:37

Ele, porém, lhes disse: — Não tenham medo! Vocês procuram Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está aqui; vejam o lugar onde o tinham colocado. Marcos 16:6

Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até o dia em que foi elevado às alturas, depois de haver dado mandamentos por meio do Espírito Santo aos apóstolos que tinha escolhido. Atos 1:1,2

Depois de ter dito isso, Jesus foi elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. Atos 1:9

E, quando eu for e preparar um lugar, voltarei e os receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, vocês estejam também. João 14:3

Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu Reino, peço a você com insistência que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não, corrija, repreenda, exorte com toda a paciência e doutrina. 2 Timóteo 4:1,2

O evangelho, portanto, se trata da presença histórica de Jesus Cristo no mundo, assim como da doutrina derivada desse evento glorioso que se deu entre nós. Hoje nos concentraremos na historicidade do evangelho. No próximo domingo, na doutrina do evangelho.



A veracidade do evangelho


Como afirmei em nossa leitura introdutória, Paulo afirmou aos crentes de Corinto que caso a ressurreição de Cristo não tivesse historicamente acontecido, a nossa fé seria vã e ainda estaríamos em nossos pecados.


Perceba que Paulo enfatiza que a verdade do evangelho reside em seu caráter histórico: de fato Jesus esteve entre nós, de fato Ele morreu, de fato Ele ressuscitou e de fato Ele voltou aos céus. Não se trata de um mito, mas de um fato histórico incontestável.


E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados. Ainda mais: os que adormeceram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo. 1 Coríntios 15:17-19

Para autenticarmos o fato histórico do evangelho, temos que trilhar alguns caminhos que nos garantam a certeza dessas afirmações. São eles:


  • A confiabilidade do NT como documento histórico

  • As evidências bíblicas da veracidade do evangelho

  • As evidências extrabíblicas a respeito de Jesus



A confiabilidade do NT como documento histórico


Tudo o que os cristãos compreendem ser "o evangelho" está registrado nas Escrituras do Novo Testamento. A pergunta é: por ser um documento antigo, ele pode ser considerado um documento com credibilidade?


É importante saber que o Novo Testamento é o documento antigo mais bem preservado da história da humanidade. Existem hoje cerca de 5664 cópias do NT preservadas no mundo e a maior parte delas foi produzida poucas décadas depois do que se acredita terem sido escritos os originais.


Nenhuma outra obra do mundo antigo se escora em tamanha autoridade.


Para se ter uma noção e usar como parâmetro, de todas as obras antigas aquela que aparece em segundo lugar é a Ilíada de Homero, com apenas 643 manuscritos que sobreviveram até hoje.


A garantia da integridade do NT como documento histórico é quase dez vezes maior do que o segundo colocado na lista. Não há como ateus e céticos resistirem um fato histórico inegável: as evidências sobre a autenticidade do NT estão à nosso favor.


Além disso, os manuscritos que existem do NT não se diferem em conteúdo uns dos outros. Obviamente, por serem cópias produzidas a mão, podemos encontrar divergências de palavras em poucos versos (a maior parte dessas divergências são identificadas honestamente em nossas Bíblias), mas nenhuma delas afeta as doutrinas centrais do cristianismo.


Isso demonstra que Deus soberanamente preservou a Escritura para que pudéssemos consultá-la e sabermos a respeito do evangelho de Jesus Cristo.


Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Marcos 13:31


As evidências bíblicas da historicidade do evangelho


Uma vez estabelecido que o Novo Testamento é confiável, como ter a certeza de que os seus escritores não inventaram as suas histórias a respeito do homem Jesus? Qual critério foi utilizado para fazer um registro fidedigno da boa notícia da salvação?


Vamos verificar na própria Escritura o que os seus autores dizem!


Os apóstolos foram testemunhas oculares de Jesus Cristo e escreverAm suas experiências com Ele

Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. João 21:24

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida. 1 João 1:1

Porque ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando, pela Suprema Glória, lhe foi enviada a seguinte voz: "Este é o meu Filho amado, em quem me agrado." Ora, nós ouvimos esta voz vinda do céu quando estávamos com ele no monte santo. 2 Pedro 1:17,18


Paulo, que não foi um dos doze, teve o seu próprio encontro com Cristo

Por último, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, e nem mesmo sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. 1 Coríntios 15:8,9

Mas informo a vocês, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é mensagem humana, porque eu não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante revelação de Jesus Cristo. Gálatas 1:11,12

Paulo compartilhou que centenas de irmãos testemunharam o salvador ressurecto

Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria ainda vive; porém alguns já dormem. 1 Coríntios 15:6


Lucas afirmou ter feito uma pesquisa exaustiva dos eventos relacionados à vida de Jesus

Visto que muitos já empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim pareceu bem, depois de cuidadosa investigação de tudo desde a sua origem, dar-lhe por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que você tenha plena certeza das verdades em que foi instruído. Lucas 1:1-4

Perceba que os autores do Novo Testamento não estão simplesmente contando uma linda história religiosa: eles estão narrando o que presenciaram quando Jesus esteve conosco. O cristianismo não foi construído baseado em mitos e superstições: ele é o relato da presença histórica de Deus no mundo.


O homem pode ter pisado na lua, mas a boa notícia é que, historicamente, Deus pisou na Terra.



As evidências extrabíblicas da historicidade do evangelho


Uma vez que reconhecemos que o Novo Testamento é um documento histórico e ele assegura que seus relatos foram dados por testemunhas oculares da vida de Cristo, agora seria importante partirmos para evidências extrabíblicas sobre Jesus.


Elas são poucas, mas existem!


Nossa fé está firmada nas Escrituras, mas o fato de termos esse testemunho gera em nós um sentimento de contentamento por percebermos que Deus, de fato, cravou o nome de Jesus Cristo na história humana.


Trouxe algumas delas para nossa reflexão.


Flavio Josefo, em sua obra "A História dos Hebreus", escreveu:


“Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome.” [2]


O historiador romano Tácito, escrevendo por volta do ano 112 d.C., também menciona Jesus:


"Assim, para tentar abafar esse boato [de que teria iniciado o grande incêndio que destruiu Roma], Nero acusou, culpou e entregou às torturas mais deprimentes um grupo de pessoas que eram detestadas por seu comportamento e que o povo chamava 'cristãos'. Este nome lhes provém de Cristo, [um homem] que no tempo de Tibério havia sido entregue ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos" (Anais 15,44).


Um outro escritor romano, Plínio o Jovem (112 d.C.), menciona Cristo como aquele a quem os cristãos cantavam um hino "como que a um deus" (Epístolas 10,29).


Diante do peso das evidências apresentadas, reafirmamos nossa crença na verdade do evangelho e a sua historicidade utilizando as palavras de Pedro:


Porque não lhes demos a conhecer o poder e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16


CONCLUSÃO


A luz do que estudamos nessa manhã, concluímos que a vida e a obra de Jesus Cristo, sua morte na cruz, ressurreição e ascensão são fatos históricos incontestáveis. A Igreja segue a verdade e não fábulas engenhosamente inventadas!


Diante disso, fica perante nós a pergunta feita por Poncio Pilatos:


Pilatos lhes perguntou: — Que farei, então, com Jesus, chamado Cristo, Mateus 27:22

Se o evangelho é verdadeiro, cada palavra de Cristo também é! Você precisa então se posicionar diante do Filho de Deus, decidindo se render a Ele e ser salvo da ira de Deus ou rejeitá-lo, e receber por isso a justa condenação por seus pecados!


Jesus, que é o próprio evangelho, desperta nossa consciência sobre isso!


Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus. A condenação é esta: a luz veio ao mundo,mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. João 3:17-19

Diante do peso das evidências, rejeitar o Senhor Jesus Cristo é rejeitar o único caminho disponível para se livrar da condenação.


Jesus é o Filho de Deus. Ignorar o único que pode salvá-lo é uma tolice sem limites.


Ignorar Jesus é olhar a porta da graça e não entrar por ela! É estar diante do pão da vida e morrer de fome. É passar ao lado da Fonte das Águas da vida e não saciar sua sede de perdão e salvação!


Jesus respondeu: — Eu sou o caminho,a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6

O evangelho afirma que Cristo é o único caminho de salvação! Sua morte na cruz perdoou os pecados do seu povo! Sua ressurreição os justifica diante do Deus Santo!


o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou para a nossa justificação. Romanos 4:25

Não seja como o ladrão da cruz que viu a salvação lhe escapar por entre os dedos por sua rebeldia e obstinação! Mas clame pelo Filho de Deus, peça-lhe o perdão e a salvação e Ele lhe dará o paraíso!


A história humana é dividida antes e depois de Cristo. A sua história também pode ser! Jesus é maior que nossas dores e dilemas. Maior que nossos pecados e rebeldia. Maior que nossas fraquezas e temores. Melhor que dinheiro, ouro e bens. Todas as dores dessa vida podem ser suportada por causa da graça de Cristo e todos os prazeres só são verdadeiramente bons se forem desfrutados pela fé que temos nEle!


Quando o mundo que conhecemos desabar, Cristo, o fundamento que nos sustenta, permanecerá firme! Ele é o bom pastor que, historicamente, deu a vida por suas ovelhas!


Renda-se a verdade que pode te salvar! Abrace a graça de Cristo nessa manhã!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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