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A Cura do cego de nascença - Sermão de 20/08/2025


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INTRODUÇÃO


O capítulo vem logo após o discurso de Jesus em João 8, onde Ele se apresenta como a Luz do mundo (Jo 8.12). O contraste entre luz e cegueira é importante demais nessa narrativa.


Em João 9, essa verdade é encarnada em um sinal: Jesus dá visão ao cego de nascença, mostrando que Ele não apenas ilumina olhos físicos, mas também abre olhos espirituais.


O milagre é tanto físico quanto parabólico.


O evangelho de João apresenta sete sinais que confirmam que Jesus é o Messias. Esse é, na narrativa, o penúltimo dos sinais.



O MILAGRE: JESUS CURA O CEGO DE NASCENÇA



Enquanto caminhava, Jesus viu um homem cego de nascença.Seus discípulos perguntaram: “Rabi, por que este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?”. Jesus respondeu: “Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele. Devemos cumprir logo as tarefas que nos foram dadas por aquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Mas, enquanto estou aqui no mundo, eu sou a luz do mundo”. Depois de dizer isso, Jesus cuspiu no chão, misturou a terra com saliva e aplicou-a nos olhos do cego. Em seguida, disse: “Vá lavar-se no tanque de Siloé” (que significa “enviado”). O homem foi, lavou-se e voltou enxergando. João 9.1-7


  • É notável no texto que Jesus notou o homem cego, algo que reforça seu amor pelas pessoas, em contraste com a religião morta dos fariseus.

  • Os discípulos pensam em termos de causalidade moral: pecado = doença.

  • Jesus corrige: “Nem ele pecou nem seus pais, mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” Que fique claro que Jesus não nega a relação do pecado com o sofrimento, apenas sinaliza que nem todo sofrimento é em decorrência do pecado.


Quando Adão pecou, o pecado entrou no mundo, e com ele a morte, que se estendeu a todos, porque todos pecaram. Rm 5.12


  • O sofrimento não é sempre consequência direta do pecado pessoal, mas pode ser o palco da manifestação da graça.

  • A soberania de Deus sobre o sofrimento não nega a responsabilidade humana, mas exibe que Deus governa até as tragédias para exibir Sua glória (Rm 8.28).

E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. Romanos 8.28

O tanque de Siloé, que significa "o Enviado" aponta para o Senhor Jesus, que é o Enviado do Pai. Como este evento é um "sinal", ele vai apontar para uma realidade maior que deveria ser discernida pelos discípulos e pelos leitores do evangelho.


Mais uma vez, ele disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. João 20.21


A REAÇÃO DOS VIZINHOS


Seus vizinhos e outros que o conheciam como mendigo começaram a perguntar: “Não é este o homem que costumava ficar sentado pedindo esmolas?”. Alguns diziam que sim, e outros diziam: “Não, apenas se parece com ele”.O mendigo, porém, insistia: “Sim, sou eu mesmo!”. “Quem curou você?”, perguntaram eles. “O que aconteceu?” Ele respondeu: “O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a em meus olhos e disse: ‘Vá lavar-se no tanque de Siloé’. Eu fui e me lavei, e agora posso ver!”. “Onde está esse homem?”, perguntaram. “Não sei”, respondeu ele. João 9.8-12


  • Os vizinhos percebem algo extraordinário: o cego que antes mendigava agora enxerga.

  • O cego narra como Jesus o curou, enfatizando a obediência à instrução. Ele descreve o processo de forma simples, factual, sem teologia complexa — mas aponta para Cristo como a fonte da cura.

  • Muitas vezes somos chamados a obedecer e testemunhar a transformação que recebemos do evangelho, mesmo sem entender todos os detalhes do plano de Deus.

  • O homem não sabia onde Jesus estava, mas sabia que Ele o havia curado. Nem sempre entendemos os caminhos de Deus, mas conhecemos bem quem caminha conosco!



A REAÇÃO DOS FARISEUS


Então levaram aos fariseus o homem que havia sido cego, pois foi no sábado que Jesus misturou terra com saliva e o curou. Os fariseus encheram o homem de perguntas sobre o que havia acontecido, e ele respondeu: “Ele colocou terra com saliva em meus olhos e, depois que eu me lavei, passei a enxergar!”. Alguns dos fariseus disseram: “Esse homem não é de Deus, pois trabalha no sábado”. Outros disseram: “Mas como um pecador poderia fazer sinais como esse?”. E havia entre eles uma divergência de opiniões. Os fariseus voltaram a perguntar ao homem que havia sido cego: “O que você diz desse homem que o curou?”. “Ele deve ser profeta”, respondeu o homem. João 9.13-17


  • João sublinha que o milagre ocorreu no sábado, reforçando a tensão com a Lei mosaica.

  • Para os fariseus, que agora são focalizados no texto, uma obediência literalista da Lei, era necessária para validar a autenticidade ou não de um ministro.

  • Para eles, a letra da Lei era mais importante que o espírito por trás dela. Obedecer cegamente o texto era mais importante que demonstrar empatia e compaixão, algo que Jesus já havia combatido outras vezes, como na parábola do bom samaritano.

  • Essa situação dividiu a própria opinião dos fariseus. “Não vem de Deus, pois viola o sábado.” → interpretação legalista.

    “Como pode um homem pecador fazer sinais assim?” → reconhecimento implícito da presença de Deus.

  • A opinião do cego, então, é consultada: sua resposta é assertiva e convincente: "Ele deve ser profeta". Ser profeta aqui não significa somente "fazer previsões", mas ser alguém enviado por Deus, portador de Sua Palavra.

  • Veja como o discernimento do cego vai se ampliando a medida que a sua experiência se aprofunda. Na sessão anterior, ele apenas obedeceu e recebeu o milagre, mas não sabia onde Jesus estava. Aqui, ele já reconhece Jesus como profeta. Nossa experiência com Cristo deve ampliar nossa compreensão de sua divindade e natureza.

  • Eu não precisa saber tudo sobre Jesus, mas preciso conhecê-lo hoje melhor do que ontem.


A REAÇÃO DOS PAIS

Os líderes judeus se recusavam a crer que ele havia sido cego e estava curado, por isso mandaram chamar os pais dele e perguntaram: “Ele é seu filho? Ele nasceu cego? Se foi, como pode ver agora?”.Os pais responderam: “Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego, mas não sabemos como pode ver agora nem quem o curou. Ele tem idade suficiente para falar por si mesmo. Perguntem a ele”. Seus pais disseram isso por medo dos líderes judeus, pois estes haviam anunciado que, se alguém dissesse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. Por isso disseram: “Ele tem idade suficiente. Perguntem a ele”. João 9.18-23

  • Ao procurar os pais do cego, o objetivo dos fariseus era buscar com mais precisãoos fatos por trás da história. Embora eles estivessem motivados pela própria cegueira espiritual, havia integridade nessa busca à luz das convenções que possuíam

  • A resposta é firme: de fato, o homem era seu filho e havia nascido cego. Mas eles não responderam de que modo o milagre havia acontecido.

  • O texto não deixa claro se eles tinham pleno conhecimento da obra operada por Jesus. Mas evidencia o medo que eles tinham dos lideres judeus, que haviam prometido expulsar da sinagoga quem afirmasse que Jesus era o Cristo.

  • A fé cristã demanda coragem e convicção para confessar Cristo abertamente, mesmo quando há risco de rejeição ou pressão social


“Quem me reconhecer em público aqui na terra, eu o reconhecerei diante de meu Pai no céu. Mas quem me negar aqui na terra, eu também o negarei diante de meu Pai no céu. Mateus 10.32,33


DE VOLTA AO CEGO


Então, pela segunda vez, chamaram o homem que havia sido cego e lhe disseram: “Deus é quem deve receber glória por aquilo que aconteceu, pois sabemos que esse Jesus é pecador”.“Não sei se ele é pecador”, respondeu o homem. “Mas uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” “Mas o que ele fez?”, perguntaram. “Como ele o curou?” “Eu já lhes disse!”, exclamou o homem. “Vocês não ouviram? Por que querem ouvir outra vez? Por acaso também querem se tornar discípulos dele?” Então eles o insultaram e disseram: “Você é discípulo dele, mas nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés, mas nem sabemos de onde vem esse homem”. “Que coisa mais estranha!”, respondeu o homem. “Ele curou meus olhos e vocês não sabem de onde ele vem? Sabemos que Deus não atende pecadores, mas está pronto a ouvir aqueles que o adoram e fazem a sua vontade. Desde o princípio do mundo, ninguém foi capaz de abrir os olhos de um cego de nascença. Se esse homem não fosse de Deus, não teria conseguido fazê-lo.” “Você nasceu inteiramente pecador!”, disseram eles. “E quer ensinar a nós?” Então o expulsaram da sinagoga. João 9.24-34


  • Os fariseus já assumem uma postura acusatória: “Este homem é pecador.”

  • Todas as evidências possíveis foram ignoradas por ele, devido a dureza de seus corações.

  • A fé do cego segue crescente: sua confissão de fé é inspiradora: - "Não sei se Ele é pecador" - "O que eu sei é que eu era cego e agora vejo"

  • Os fariseus questionam segunda vez a forma como o homem foi curado. Era a última tentativa de arrancar dele alguma confissão de fraude, o que não seria possível, uma vez que a cura operada pelo Senhor Jesus era real e concreta!

  • O cego então assume um papel de defensor da fé: - "Esse homem curou meus olhos" (um milagre que não havia acontecido no AT, mas relacionado a esperança messiânica que previa que o Cristo curaria os cegos).


  • Que notável: o que os homens que tinham visão não haviam enxergado, o cego viu: que Jesus era enviado de Deus e o Salvador do Mundo.


Quando ele vier, abrirá os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos. Is 35.5

  • O resultado da confissão de fé do cego causou sua expulsão da sinagoga. Que bela alegoria: ele foi expulso da religião que o manteve cego, mas caiu nos braços do Salvador que o fez enxergar.



UM SINAL QUE APONTA PARA A NOVA CRIAÇÃO



Quando Jesus soube do que havia acontecido, procurou o homem e lhe disse: “Você crê no Filho do Homem?”. “Quem é ele, senhor?”, perguntou o homem. “Eu quero crer nele.”Jesus respondeu: “Você o viu, e ele está falando com você!”.“Sim, Senhor, eu creio!”, declarou o homem. E adorou a Jesus. Então Jesus disse: “Eu vim a este mundo para julgar, para dar visão aos cegos e para fazer que os que veem se tornem cegos”. Alguns fariseus que estavam por perto o ouviram e perguntaram: “Você está dizendo que nós somos cegos?”. “Se vocês fossem cegos, não seriam culpados”, respondeu Jesus. “Mas a culpa de vocês permanece, pois afirmam que podem ver.” João 9.35-41


  • Chegou o momento do encontro derradeiro entre o homem que era cego e Jesus. é importante termos em mente que Jesus não planejou apenas um encontro salvador conosco. Ele aparecerá em nossa vida de tempo em tempo, e deseja extrair de nós uma confissão de fé pura e verdadeira.

  • A fé do homem que era cego seguiu crescente e ele agora já é capaz de confessar Jesus como Senhor e adorá-lo. Sua fé em Jesus está crescendo?

  • Jesus veio ao mundo para dar visão aos cegos. Essa fala é parabólica. A obra de Cristo é, mediante a ação do Espírito, abrir os olhos espirituais dos homens para que vejam a glória do evangelho e confessem a Jesus como Senhor.

  • Este é o sinal que João deseja transmitir. Jesus é aquele que abre nossos olhos para contemplarmos a glória de Deus.

  • Esse sinal também aponta para a nova criação: em Jesus e por Ele, um dia, nossos olhos verão a glória de Deus face a face. A redenção que há em Cristo está pondo ordem no mundo e um dia a nação eleita verá com clareza o Deus que a salvou.

  • Mas que dureza será para aqueles que hoje enxergam, mas não vêem a glória de Deus no evangelho. Aqueles que se mantém indiferentes a Cristo um dia serão julgados. Que Deus tenha misericórdia de nós e mantenha nossos olhos fixos em Jesus, para sermos achados nEle naquele glorioso dia!


Que Deus nos abençoe!



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Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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