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A Transfiguração de Jesus - Sermão de 23/07/2025

Atualizado: 28 de jul.


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Enquanto os três observavam, a aparência de Jesus foi transformada de tal modo que seu rosto brilhava como o sol e suas roupas se tornaram brancas como a luz. Mateus 17.2


INTRODUÇÃO


Neste Encontro Devocional, dedicaremos um tempo precioso para estudarmos uma importante passagem do caminho do Crucificado: a transfiguração.


Aqui, Jesus revela a Sua glória para três dos seus discípulos, anunciando a transição que se daria da Antiga para a Nova Aliança.


É um evento importante na vida de Cristo, contado em todos os evangelhos sinóticos. Eu utilizarei o evangelho de Lucas como texto base da minha exposição.




O Contexto da Passagem


A transfiguração foi o momento em que Cristo revelou parte de Sua natureza gloriosa e divina aos seus discípulos.


“Cerca de oito dias depois de dizer essas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar.” Lc 9.28

Esse evento aconteceu, segundo Lucas, cerca de oito dias da confissão de Pedro (Lc 9.20) e do anúncio da morte na cruz (Lc 9.22-27).


Mateus e Marcos utilizam a expressão "após seis dias" (Mt 17.1; Mc 9.2).


Isso se dá pelo método diferente de comunicar dos evangelistas. Enquanto Lucas, como gentio, dá uma estimativa de tempo ("cerca de"), Mateus e Marcos já trazem a data mais precisa.


...


Jesus reuniu o seu círculo íntimo (Pedro, Tiago e João) para esse evento, algo que Ele já havia feito outras vezes (como na ressurreição da filha de Jairo, Lucas 8.51).


Embora Jesus não tivesse seus favoritos, a participação desse trio se dava pela importância que eles teriam na Igreja do primeiro século, sendo considerados pelos cristãos como as colunas da igreja.


De fato, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, reconheceram a graça que me foi dada e aceitaram Barnabé e a mim como seus colaboradores. Eles nos incentivaram a dar continuidade à pregação aos gentios, enquanto eles prosseguiriam no trabalho com os judeus. Gálatas 2.9

O convite de Jesus era singelo: subir o monte para orar.


Os judeus haviam recebido a Lei de Moisés do alto de um monte. Em Ex 19.3, temos o relato bíblico que introduz esse fato tão importante na história do povo de Deus.


Então Moisés subiu ao monte para apresentar-se diante de Deus. Lá de cima, o Senhor o chamou e disse: “Transmita esta mensagem à família de Jacó; anuncie-a aos descendentes de Israel. Ex 19.3

Então, quando Jesus reúne seu círculo íntimo no monte, o objetivo era trazer a revelação de uma Nova Lei, a graça de Deus, a Nova Aliança em Cristo.


E aqui, temos também uma aplicação devocional significativa: não existe revelação de Cristo ao coração do homem sem oração.


Observe no texto a utilização das expressões "subir" e "orar". O que nos eleva e nos coloca diante do Cristo ressuscitado é a oração. Se você quiser "subir", você precisa "orar".


Me mostre um cristão inconstante e eu te afirmarei que é um cristão sem oração.




UMA REVELAÇÃO GLORIOSA


“Enquanto orava, a aparência de seu rosto se transformou, e suas roupas ficaram alvas e resplandecentes.” Lc 7.29

Quando Jesus orou e conectou-se de forma profunda com o Pai Celestial, sua aparência foi transformada diante dos seus discípulos. Um momento indescritível.


Rosto mudado, roupas brilhantes.

A própria glória de Cristo revelada aos seus amigos.


Não era uma aleatoriedade. Os judeus tinham a lembrança de que Moisés, ao entrar na tenda do encontro, tinha o seu rosto transformado.


Quando Moisés desceu do monte Sinai carregando as duas tábuas da aliança, não percebeu que seu rosto brilhava, pois ele havia falado com o Senhor. Ex 34.29

Os discípulos entenderam com isso que Jesus estava falando com o mesmo Deus que falava com Moisés. E entenderam que Ele era o Novo Moisés, que promoveria o verdadeiro Êxodo, libertando-os da escravidão do pecado.


As vestes resplandecentes também estavam associadas a uma figura do Antigo Testamento. Conforme lemos em Dn 7.9, foi profetizado a respeito de um Ancião de Dias, um ser eterno, que haveria de julgar o mundo.


Enquanto eu observava, foram colocados alguns tronos, e o Ancião se sentou para julgar. Suas roupas eram brancas como a neve, e seu cabelo, como a mais pura lã. Sentava-se num trono de fogo, com rodas de chamas ardentes, Dn 7.9

Jesus demonstrava com isso sua própria Divindade. Os discípulos não deveriam enxergá-lo somente como alguém "sem parecer ou formosura", mas como o Deus Santo feito em carne, que estava habitando entre eles.


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Como aplicação devocional, a oração, como uma disciplina dada por Deus ao homem, não apenas nos faz "subir", mas também muda quem nós somos.


A oração transforma a nossa natureza, nos tornando cada vez mais parecidos com Cristo.


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“E eis que dois homens falavam com ele: Moisés e Elias, que apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.” Lc 9.30,31

A oração, então, não apenas mudou a aparência de Cristo, mas o próprio ambiente.

Moisés e Elias apareceram ali, e falavam com Jesus de sua partida, que estava para se cumprir em Jerusalém.


A aparição de Moisés representa a Lei de Deus. A de Elias, os Profetas.

Ambos falavam com Jesus e apontavam para Ele.


Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele. Lucas 24.27

É importante vocês notarem o uso da expressão "partida" no texto.

É a palavra grega ἔξοδον (exodon), que remete a saída de Israel do Egito.


A morte de Cristo é o "exodon" da Igreja.

É o que nos livra da verdadeira escravidão (o pecado) e nos introduz na verdadeira Terra Prometida (nossa união de Salvação com Cristo e o Perfeito Estado Eterno).


Jesus enfrentou o sofrimento antes da glória. É o caminho de quem anda ao lado do crucificado.


E foi a oração que sustentou Cristo nesses momentos de dificuldades.


...


A oração nos coloca para "cima", muda nossa natureza e muda também o ambiente em que estamos inseridos. Quando há oração na vida de um crente, a casa desse crente é diferente, o trabalho desse crente é diferente, a vida desse crente é diferente.


Mudanças significativas acontecem quando oramos fervorosamente buscando aquele que nos liberta de nossos grilhões!


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“Pedro e os companheiros estavam dominados pelo sono, mas, despertando completamente, viram a sua glória e os dois homens que estavam com ele.” Lc 9.32

Os discípulos estavam sonolentos, algo que aconteceria outras vezes (Mt 26.40, por exemplo). Embora seja tentador associar o sono com fraqueza espiritual, não se esqueça da exaustão que esses homens sentiam seguindo os passos de Cristo.


O ministério cansa. E não foi feito para ser diferente.

No cristianismo, o sofrimento sempre vem antes da glória.


Ao despertarem do sono, contudo, perceberam a glória de Cristo e a visão de Moisés e Elias. Algumas experiências só são possíveis quando vencemos o cansaço e a fadiga da missão.


“Ao se retirarem Moisés e Elias, Pedro disse a Jesus: ‘Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias’ — sem saber o que dizia.” Lc 9.33

Já completamente atentos ao que estava acontecendo ali, os discípulos viram Moisés e Elias se retirarem na visão.


Pedro, então, pronuncia uma fala que se tornou famosa:

"Bom estarmos aqui, façamos tendas para Jesus, Moisés e Elias".


Vocês entendem o que de fato Pedro estava pedindo?

Aquele ambiente de "glória" estava tão gostoso e acolhedor (tão diferente das dificuldades da missão) que Pedro desejou prolongar a glória e, com isso, escapar ao menos um pouco do sofrimento de trabalhar ao lado de Jesus.


Pedro queria a glória sem o sofrimento.

O próprio Lucas atesta no evangelho que ele "não sabia o que dizia".


Assim somos nós. Queremos muito vivenciar momentos gloriosos com Cristo, ter experiências sobrenaturais, vivermos mergulhados no oceano sem fim da graça de Deus. Mas queremos tudo isso sem carregar o peso da cruz de nossa vocação cristã.


  • Amamos a glória de nossos cultos, mas fugimos da missão de levarmos pecadores à Cristo.

  • Celebramos a prosperidade nossas casas sem partilhar do que temos com quem mais precisa.

  • Nos vangloriamos com nossos cargos e títulos, sem entendermos que eles nos conduzem a um compromisso cada vez mais profundo com o chamado de Cristo.


“Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem e os envolveu; e ficaram com medo ao entrarem na nuvem.” Lc 9.34

A tolice de Pedro, contudo, não impediu Deus de manifestar-se ali de forma gloriosa. Graças a Deus que, por sua graça, suporta nossa limitação e ainda assim nos ama, nos perdoa e nos ensina.


Pedro ainda falava, quando a nuvem apareceu. A nuvem também é um importante símbolo judaico, pois representava no Antigo Testamento a Shekinah, a glória de Deus.


de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a Casa de Deus. 2 Cr 5.14

A manifestação visível da glória de Deus preparou o cenário para a revelação que seria dada. Assim como a Shekinah antecedeu importantes fatos do Antigo Testamento, o mesmo aconteceria aqui.


“E da nuvem veio uma voz, que dizia: ‘Este é o meu Filho, o Escolhido; a ele ouvi!’” Lc 9.35

Uma voz ecoou da nuvem, falando a respeito de Cristo.

A mesma voz que falou no batismo de Jesus (Lc 3.22) e que respondeu a sua oração na entrada triunfal em Jerusalém (Jo 12.28). Quando a voz vem do céu, ela glorifica a Cristo.


O anúncio era bastante específico e pertinente:


  • Primeiro, anunciava a filiação de Jesus: "Este é o Meu Filho" A negação de Cristo é a negação do próprio Deus. Quem rejeita Jesus rejeita o Pai Celestial

  • Segundo, anunciava a missão de Jesus: "O Escolhido" Jesus é o Salvador. Não há outro. Muitos podem se apresentar como salvadores, mas somente JESUS é o escolhido por Deus para esse fim!

  • Terceiro, anunciava a revelação final do plano Redentor: "A ele ouvi"

    A partir dessa revelação, ficava clara a superação da Lei e dos Profetas, que cumpriam-se em Cristo, tornando Ele a derradeira revelação de Deus, que agora nos falaria através do Senhor Jesus Cristo.


Eu acredito que o autor aos Hebreus tinha esse momento na mente quando escreveu o início da sua epístola.


Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas. E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho, o qual ele designou como herdeiro de todas as coisas e por meio de quem criou o universo. Hb 1.1,2

Isso deve acalentar nosso coração nesse tempo tão confuso, onde todo mundo afirma estar "ouvindo a Deus" e "falando as palavras de Deus".


Se tanta gente diz estar ouvindo a Deus e falando as suas palavras, porque cada um está fazendo de um jeito diferente e as igrejas estão cada dia mais estranhas?


Por que de fato, o que as pessoas tem ouvido são os desejos do próprio coração. Deus nos fala hoje pelas Escrituras e qualquer tipo de sentimento ou impressão interior deve ser julgada à luz da revelação escrita.


Somente a Bíblia é a Palavra de Deus.



a suficiência de cristo


E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se e, por aqueles dias, não contaram a ninguém nada do que tinham visto. Lc 9.36

O texto termina de um modo interessante, com a visão gloriosa sendo substituída pela própria pessoa de Jesus.


Já não havia Moisés.

Não havia Elias.

Não havia nuvem.

Mas havia Jesus.


Isso deve ser para nós uma imagem do que é o evangelho.

A boa notícia que anunciamos é a suficiência de Jesus Cristo.


A obra de Deus é arrancar de nossos corações ídolo por ídolo, até que reste dentro dele apenas o Senhor Jesus Cristo.


Para muitos cristãos, há um sentimento constante de faltar algo em suas vidas.


Eles reclamam: faltam sinais, faltam milagres, faltas experiências, faltam mudanças...

Eles não acordaram do sono... e não se deram conta de que Jesus é suficiente.


Nossa reconciliação com Deus custou seu sangue vertido na cruz.

O caminho que nos leva a Deus é o próprio Deus encarnado, Jesus.

Nossa entrada no céu é garantida por Ele, a porta da salvação.


A suficiência de Cristo é a glória da Igreja!


O nosso legislador é Cristo!

O nosso profeta é Cristo!

A nossa nuvem é Cristo! A voz celestial que ouvimos é Cristo!

Cristo é suficiente!


A fraqueza dos cristãos modernos é que eles querem Jesus mais alguma coisa que eles não sabem o que é.


Mas quem decidiu andar no caminho do crucificado reconhece com certeza que Cristo é suficiente!


Sua vida perfeita, sua morte na cruz ea sua triunfal ressurreição são o meio pelo qual o homem pode ser salvo do pecado, para viver uma vida em Sua presença!


O homem sem Cristo está irremediavelmente perdido e será condenado no justo juízo de um Deus Santo que não tolera o mal.


Mas o homem com Cristo é perdoado dos seus pecados, declarado justo diante de Deus e adotado na família divina.


Receba Cristo como Senhor e Salvador!

Ele é suficiente para te salvar!



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Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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