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Como andar como Cristo andou? - Sermão de 26/01/2025

Atualizado: 26 de jan.



Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: quem afirma que permanece nele deve andar como ele andou. 1 João 2.5,6


INTRODUÇÃO


Queridos, é uma alegria gigantesca poder voltar à familia da fé depois de merecidos dias de descanso. Deus é bondoso e nos proporcionou um renovo maravilhoso, tanto de nosso corpo físico quanto de nossa fé em Jesus Cristo.


E, retomando o calendário que propomos em nossa comunidade, hoje quero introduzir nosso tema anual 2025, "No Caminho do Crucificado".


Ao longo deste ano, estudaremos a vida de Jesus e de que modo seus passos nos convidam a um cristianismo simples, piedoso e autêntico.


Nesta manhã, desejo ao longo de algumas passagens bíblicas encorajá-los a viver uma vida como a de Jesus Cristo.



O CONTEXTO da primeira epístola de joão


Quando João escreveu sua primeira epístola, ela veio com um caráter pastoral e teológico que encorajava seus leitores a viverem uma fé autêntica em Jesus Cristo.


Escrita entre os anos 85 e 95 d.C, ela teve como pano de fundo a defesa da fé feita por João ante o surgimento da heresia gnóstica e também a reafirmação da doutrina cristã, em especial, a respeito da encarnação de Jesus Cristo.


João, escrevendo como apóstolo e pastor, temia que os cristãos fossem infrutíferos em sua fé ou levados pelos falsos ensinos do gnosticismo.


Por isso, ao longo de cinco capítulos (eu recomendo sinceramente que você leia essa epístola essa semana), ele irá recobrar a consciência dos seus leitores sobre a fé que Jesus deseja encontrar naqueles que Ele chama para serem seus discípulos.


Vejamos:


João, no primeiro capítulo, como testemunha ocular do ministério de Cristo e de sua ressurreição, afirma categoricamente que esteve com o Jesus encarnado e reforça a humanidade de Cristo, afirmando que Nosso Senhor era verdadeiro Deus e verdadeiro homem:


Proclamamos a vocês aquele que existia desde o princípio, aquele que ouvimos e vimos com nossos próprios olhos e tocamos com nossas próprias mãos. Ele é a Palavra da vida. Aquele que é a vida nos foi revelado, e nós o vimos. Agora, testemunhamos e lhes proclamamos que ele é a vida eterna. Ele estava com o Pai e nos foi revelado. 1 Jo 1.1,2

No segundo capítulo, João reforça que a segurança de salvação dos cristãos reside no ministério propiciador de Jesus Cristo, que com a sua morte na cruz satisfez a justiça de Deus, afastando a ira divina contra aqueles que recebem pela fé o dom da salvação.


Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, contudo, alguém pecar, temos um advogado que defende nossa causa diante do Pai: Jesus Cristo, aquele que é justo. Ele mesmo é o sacrifício para o perdão de nossos pecados, e não apenas de nossos pecados, mas dos pecados de todo o mundo. 1 Jo 2.1,2

No terceiro capítulo, João fundamenta no amor de Deus a causa de nossa salvação (nós somos salvos porque Deus nos perdoou e nos adotou em sua família) e afirma que nosso amor pelos irmãos é uma evidência de que nós já estamos unidos a Jesus e a promessa de redenção.


Vejam como é grande o amor do Pai por nós, pois ele nos chama de filhos, o que de fato somos! Mas quem pertence a este mundo não reconhece que somos filhos de Deus, porque não o conhece. 1 Jo 3.1

Se amamos nossos irmãos, significa que passamos da morte para a vida. Mas quem não ama continua morto. 1 Jo 3.14

No quarto capítulo, João denuncia a heresia gnóstica, que afirmava que Jesus não foi humano. Crer na encarnação de Jesus é um elemento central de nossa fé e que não pode ser negado.


Jesus precisava morrer como homem para redimir a raça humana.


Além disso, sua humanidade nos deixou o exemplo de vida que agrada a Deus. Sem a encarnação, perderíamos todo o referencial ético e moral de nossa fé. Se Jesus não foi humano, nossa religião não seria diferente de qualquer outra crença que exista nesse mundo.


Assim sabemos se eles têm o Espírito de Deus: todo espírito que reconhece que Jesus Cristo veio em corpo humano é de Deus, mas todo espírito que não reconhece a verdade a respeito de Jesus não é de Deus. Esse é o espírito do anticristo, sobre o qual vocês ouviram que viria ao mundo e, de fato, já está aqui. 1 Jo 4.1-3

No quinto capítulo, João conclui a epístola afirmando que a nossa religião é a proclamação da certeza de vida eterna.


Não nos reunimos aqui para obtermos sucesso, reconhecimento ou qualquer outra coisa parecida. Nós nos reunimos para celebrar, pela fé, a salvação que Jesus conquistou por nós ao morrer na cruz do Calvário e ressuscitar dentre os mortos.


Escrevi estas coisas a vocês que creem no nome do Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna. 1 Jo 5.14

Quem tem Jesus como Senhor e Salvador já tem a vida eterna! Já passou da morte para a vida!


― Em verdade lhes digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. João 5.24


O contexto do verso



O versículo escolhido para essa sermão encontra-se no capítulo 2 da primeira carta de João. Uma vez que o apóstolo já estabeleceu que Jesus foi humano, ele pode nos convidar a seguirmos os passos que Ele andou.


Podemos imitar Jesus porque Ele foi humano como nós somos.


Veja, a preocupação de apóstolo João era legítima. Circulava na igreja em seus dias a heresia gnóstica, que ensinava que o espírito era bom e a matéria era má (por isso, negavam que Jesus pudesse ser humano).


Essa afirmação permitia aos gnósticos viverem uma libertinagem moral, uma vez que entendiam que as obras praticadas pelo corpo não refletiam em nada em suas vidas religiosas.


João combate radicalmente esse pensamento. A encarnação de Jesus demonstra a bondade de Deus sobre a criação (Gn 1.31) e, ao mesmo tempo, nos oferece uma referência do tipo de vida que agrada a Deus.


Por isso, é importante para João enfatizar no começo do capítulo 02 que a obra de Jesus envolveu oferecer-se como um sacrifício que aplacasse a ira de Deus por nossos pecados.


Na teologia de João, Cristo veio para nos livrar da condenação de nossos pecados. Pecados esses que cometemos com o nosso corpo.


Ele mesmo é o sacrifício para o perdão de nossos pecados, e não apenas de nossos pecados, mas dos pecados de todo o mundo. 1 Jo 2.2

O pecado é uma coisa séria. Foi por causa dos nossos pecados que Cristo morreu na cruz (Rm 4.25). O pecado nos privou da glória de Deus (Rm 3.23) e o salário que ele paga é a morte (Rm 6.23).


Eu sei que a expressão "pecado" está fora de moda e que muitos de vocês que me ouvem torcem o nariz quando falamos sobre isso, mas se você morrer no seu pecado o que te espera é a triste realidade de se apresentar diante de um Deus Santo e ser condenado por Ele por causa de sua desobediência e obstinação.


O chamado bíblico é um chamado ao arrependimento.


Arrepender-se é mudar sua mentalidade a respeito de Deus, abandonar o pecado e viver uma fé viva em Jesus.


Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, At 3.19

O arrependimento, contudo, não é uma obra humana. É o resultado da operação do Espírito Santo em nossos corações (Jo 16.8).


Sabendo João que a heresia gnóstica estava levando muitos cristãos a uma vida libertina, Ele recorda seus ouvintes de que a verdadeira fé é manifestada na obediência aos mandamentos de Deus.


Veja, em nossa fé, o perdão dos pecados é uma obra graciosa de Deus, que oferece misericórdia e perdão a pecadores indignos.


A salvação é pela graça do começo ao fim.


Mas João reconhece que cada pecador que passa pela cruz e se encontra com Jesus torna-se tão grato pelo perdão que recebeu que, naturalmente, passará a amar o Deus que outrora rejeitou.


E sabemos que o conhecemos se obedecemos a seus mandamentos. Se alguém diz: “Eu o conheço”, mas não obedece a seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. 1 João 2.3,4

A obediência para o cristão não é um fardo pesado da religião, mas uma declaração de amor ao Deus de sua salvação.


Tocado pelo amor de Deus, cada pecador que recebeu Jesus e foi perdoado passará a esforçar-se a viver como um filho perdoado, obedecendo a Deus de coração.


Como João Calvino afirmou, "somente a fé salva, mas a fé que salva não vem sozinha". A fé que salva é demonstrada por um desejo santo, embora imperfeito, de obedecer ao Senhor.


Mas quem obedece à palavra de Deus mostra que o amor que vem dele está se aperfeiçoando em sua vida. Desse modo, sabemos que estamos nele. 1 Jo 2.5

Por isso, cada pessoa que passou pela cruz de Jesus Cristo é convocada a seguir os passos de Jesus.


Enquanto sua morte nos trouxe salvação, sua vida nos ensina a viver de modo agradável a Deus!


Quem afirma que permanece nele deve viver como ele viveu. 1 Jo 2.6


COMO ANDAR COMO CRISTO ANDOU?



Quando a Bíblia nos vocaciona a andarmos como Jesus, ela está nos orientando a pautarmos nossa vida no profundo legado que Ele deixou. Aqui, contudo, preciso fazer uma pausa para uma reflexão.


Andar como Jesus andou não significa, necessariamente, realizar as mesmas obras que Ele ou operar todos os milagres que Ele operou.


Jesus é Deus. Nós somos criaturas. Há um abismo entre a Sua santidade divina e a nossa inadequação.


Além disso, Jesus não foi cristão. Ele não foi perdoado de seus pecados (afinal, Ele nunca pecou), não precisou ser declarado justo por Deus (Ele é o Justo Deus).


Então, como posso andar como Ele andou?


A Bíblia nos ensina de que modo podemos imitar nosso Mestre e assim agradar ao Pai que nos salvou:


Primeiro, Jesus nos deu uma lição poderosa de humildade ao lavar os pés dos discípulos, tarefa reservada ao servo de posição mais humilde.


Ao realizar esse gesto, Ele nos ensinou que a verdadeira grandeza não reside em status ou posição, mas na disposição de servir aos outros com amor e humildade.


Esse exemplo nos desafia a adotar uma postura de serviço, refletindo o caráter de Cristo em nossas atitudes.


Se quisermos andar como Jesus andou, devemos abraçar uma vida de simplicidade e serviço ao próximo.


Essa é uma crítica que faço ao moderno movimento evangélico. Fala-se tanto sobre poder, autoridade, conquistas, mas o cerne da religião de Jesus está no serviço. O cristão bíblico não está ocupado em "subir", mas em "descer".


É com a toalha nos ombros que nos lembramos de que o Dono do Universo lavou pés pecadores para nos ensinar que o vigor de nossa religião está na humildade.


"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também." Jo 13.15

Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: “Quem quiser ser o primeiro, que se torne o último e seja servo de todos”. Marcos 9.35

Em segundo, a lição do sacrifício.


Jesus nos ensinou que a verdadeira vida envolve sacrifício em favor da glória de Deus. Ele se esvaziou, assumindo forma de servo e foi obediente até a morte de cruz.


O cristianismo é sobre vida abundante (Jo 10.11), mas também é sobre "morrer". Seguir a Cristo poderá custar a você perder amizades, ganhar menos dinheiro, gastar sua vida em prol de outras pessoas, sacrificar sonhos e projetos pessoais.


Se você não está disposto a morrer por Cristo, nunca conhecerá o poder de viver para Ele.


Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Fp 2.5-8

Nada na vida é conquistado sem sacrifício.


A nossa salvação custou o sacrifício de Jesus. O nosso crescimento em Cristo custará muitas renúncias pessoais por amor a Ele!


Disse ele à multidão: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me. Lc 9.23

Hoje, vemos inúmeras "igrejas" lotadas de pessoas que não tem idéia do que seja o cristianismo. Estão ali buscando honras, qualidade de vida, um network forte, bem-estar e gente bacana para se relacionar.


O verdadeiro cristianismo, contudo, envolve o sofrimento. Sentir o peso dos próprios pecados, sentir a dor do outro, importar-se a ponto de fazer algo para o bem de alguém, carregar a vergonha da cruz e afirmar-se cristão mesmo em face da morte.


"Pois, se vocês fazem o mal e são castigados, qual é o merecimento de suportarem com paciência o castigo? Mas, se vocês sofrem por terem feito o bem e suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoará por causa disso, pois foi para isso que ele os chamou. O próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo, para que sigam os seus passos." 1 Pe 2.20,21

Por fim, a lição do amor. Assim como Deus é amor (1 Jo 4.8), Jesus demonstrou o amor em cada atitude observada nos evangelhos.


O homem respondeu: “‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força e de toda a sua mente’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”. Lc 10.27

Em Jesus, descobrimos que o amor à Deus e ao próximo é a base para vencermos o pecado e crescermos na santificação. Mas não somente isso!


O amor é a base na qual os cristãos formam seu caráter e seus princípios éticos e morais. Todo pecado é, em última instância, falta de amor.


Portanto, como filhos amados de Deus, imitem-no em tudo que fizerem. Vivam em amor, seguindo o exemplo de Cristo, que nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. Ef 5.1,2

Por isso, num mundo repleto de ódio, decida amar. Mas não filtre seu amor, apenas para as pessoas "perfeitinhas" que fazem parte de nossa bolha religiosa.


Ame indistintamente, levando essa esperança calorosa do evangelho à todos, sem distinção.


O amor não faz o mal ao próximo, portanto o amor cumpre todas as exigências da lei de Deus. Rm 13.10

Ame na proporção que você é amado por Deus! Se viver assim, experimentará um cristianismo extraordinário e repleto de bons frutos, para a glória de Deus.



CONCLUSÃO


O mundo precisa do testemunho do evangelho dado por discípulos que decidem, radicalmente, andar como Jesus andou.


Nosso cristianismo anda enfraquecido porque nos viciamos em liturgias, encontros regulares e as rotinas da religião.


Embora elas sejam importantes, elas não compreendem por si só a amplitude de nosso chamado.


Aos amigos que me ouvem nessa manhã, convido-os a abraçarem a fé em Jesus e se renderem a Ele. Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo através dEle.


Há uma porta de graça aberta à todos que se rendem ao Salvador Invencível. Deus promete perdaor e salvar os que crêem em Jesus e confirmou isso o ressuscitando dentre os mortos. Creia em Jesus Cristo nessa manhã!


Aos irmãos na fé, que já passaram pela cruz, eu os convido a limparem as velhas cinzas da religiosidade do altar e abraçarem uma fé vibrante em Jesus Cristo.


Quanto mais nos esforçarmos em andar como Jesus, menor será a influência do pecado em nosso coração.


O pecado costuma derrubar quem parou. Quem está seguindo as pisadas de Jesus, mesmo sangrando, está vencendo o pecado e crescendo na santificação.


Em vez disso, revistam-se do Senhor Jesus Cristo e não fiquem imaginando formas de satisfazer seus desejos pecaminosos. Rm 13.14

Milhares de doentes nos hospitais esperam uma visita amiga de um crente cheio do Espírito. Muitas crises pessoais podem ser superadas se nossos joelhos tocarem o chão em oração. Quantas crianças nos orfanatos podem ter suas vidas mudadas se abrirmos nosso coração para adoção? Quantos famintos poderão ser alimentados se aprendermos a dividir o pão? Quantas histórias serão transformadas se abrirmos nossa boca e espalharmos a boa notícia que nos salvou?


Deus deseja levantar uma igreja vibrante! Deus deseja que cada maltrapilho perdoado se posicione e espalhe a notícia de que há um lugar na mesa do Rei.


É tempo de andar como Cristo andou...


Deus pode contar com você nessa missão?



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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