O JUÍZO FINAL - Sermão de 15/12/2024
- Pastor Sérgio Fernandes
- 10 de dez. de 2024
- 9 min de leitura
Atualizado: 15 de dez. de 2024

Depois, vi um grande trono branco e aquele que nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da sua presença, e não se encontrou lugar para eles. Vi também os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com o que tinha feito. Então, a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte. Aqueles cujos nomes não foram encontrados escritos no livro da vida foram lançados no lago de fogo. Ap 20.11-15
Introdução
O cristianismo tem nas Escrituras o seu livro sagrado. Nós, cristãos, cremos que Deus nos entregou tudo o que Ele queria que soubéssemos a Seu respeito nestes 66 livros que foram escritos em cerca de 1600 anos de história.
Neste compêndio, Deus descreveu de forma minuciosa aquilo que acontecerá quando o Seu Plano Redentor for consumado.
A maior parte dos cristãos chama este clímax de "O Juízo Final".
Embora esse seja um assunto não muito popular nos dias atuais, sem dúvida alguma o Juízo Final é uma parte fundamental da nossa religião.
Ele inspira a evangelização, estimula a ética cristã, populariza a necessidade da santificação e nos desafia a vivermos acima da mediocridade.
Se tirarmos o Juízo Final de nossa religião, perdemos a essência do próprio evangelho.
Nessa terceira mensagem da série #AEsperançaDaIgreja, discorrerei com vocês a respeito dessa doutrina, analisando o caráter de Deus como Juíz, a ressurreição dos mortos, a natureza do Juízo Final e o que devemos fazer para nos livrarmos dele!
O CARÁTER DE DEUS E O JUÍZO FINAL
É impossível tratarmos dessa doutrina bíblica sem nos debruçarmos brevemente na natureza de Deus. Em especial, pelo fato de que muitos cristãos conhecem o "deus da cultura" e não o Deus revelado nas Escrituras. E isso é um assunto temerário, uma vez que a vida eterna é conhecer a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo:
Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Jo 17.3
O Deus das Escrituras é o Nosso Criador. Ele fez o mundo e tudo o que nele há (Gn 1.1; Sl 24.1,2). Ele é perfeitamente bom, perfeitamente justo e perfeitamente santo. Sua natureza boa, santa e justa é um contraste ao mundo em que vivemos, onde há pecado, maldade, opressão e injustiça.
"Ele é a Rocha, suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É um Deus fiel, que não comete erros; justo e reto é ele." Dt 32.4
"A retidão e a justiça são a base do teu trono; amor e fidelidade vão à tua frente." Sl 89.14
Este Deus Santo nunca pecou e não é o autor do pecado. Mas nós pecamos. Diariamente, falhamos em glorificar a Deus e obedecer seus mandamentos.
Cada pecado cometido nesse mundo é cometido contra um Deus Eterno. Por isso, nossas transgressões possuem um peso eterno na balança do Senhor.
Como a Sua Santidade odeia o mal, quando transgredimos a lei de Deus, estamos acumulando para nós mesmos a Sua justa e santa ira.
"O Senhor é Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de ira; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos." Naum 1.2
Foi popularizado no imaginário evangélico que o Deus do Antigo Testamento era um Deus irado e o Deus do Novo Testamento é um Pai Bondoso. Esse conceito, contudo, não se sustenta quando lemos as Escrituras e percebemos que Deus é o mesmo de Gênesis à Apocalipse.
"A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça." Romanos 1:18
"Ninguém vos engane com palavras vãs, porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência." Efésios 5:6
O NT, por exemplo, reforça a ideia da ira de Deus em diversas passagens, convidando homens e mulheres a se arrependerem dos seus pecados e crerem em Jesus Cristo para serem livres do julgamento divino.
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus." João 3:36
A primeira aplicação que faço nesse sermão é um lembrete de que Deus não está inerte ao mal que há no mundo.
Deus não seria confiável se não fosse santo, bom e justo, e obviamente, não falo isso na posição de um homem pecador querendo "julgar" a natureza de um Deus Santo, mas na condição de um miserável que sabe que o Senhor é reto em todos os seus caminhos.
Por isso, as Escrituras enfatizam que Deus julgará esse mundo e que o mal não irá triunfar.
No passado, Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. Ele deu provas disso a todos, ressuscitando‑o dentre os mortos. At 17.30,31
O QUE É O JUÍZO FINAL?
O Juízo Final é um evento futuro no qual Jesus Cristo retornará em glória para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos. Cristo retornará para julgar toda a humanidade com justiça, recompensando os justos com a vida eterna e condenando os ímpios ao castigo eterno.
Este evento marca a consumação do plano redentor de Deus e o início da nova criação, onde Deus habitará com o seu povo em um estado de perfeita paz e justiça.
Com respeito ao Juízo Final, a Bíblia nos afirma:
É um juizo justo, baseado na justiça de Deus e Sua retidão.
Mas, por causa de seu coração rebelde, você se recusa a abandonar o pecado, acumulando ira sobre si mesmo. Pois o dia da ira se aproxima, quando o justo juízo de Deus se revelará. Rm 2.5
Será um Juízo rigoroso...
Eu lhes digo a verdade: no dia do juízo, as cidades perversas de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor que essa cidade. Mt 10.15
É um evento futuro...
Pois Deus não poupou nem os anjos que pecaram. Ele os lançou no inferno, em abismos tenebrosos, onde ficarão presos até o dia do julgamento. 2 Pe 2.4
O Juízo Final acontecerá imediatamente após a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, culminando o calendário da redenção!
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se sentará em seu trono glorioso. Todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará as pessoas como um pastor separa as ovelhas dos bodes. Colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Mt 25.31-33
QUEM PARTICIPARÁ DO JUÍZO FINAL?
As Escrituras afirmam que todos nós havemos de comparecer diante do Tribunal de Deus. Essa perspectiva está presente tanto no Antigo Testamento quanto no Novo.
Pois todos nós teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que merecer pelo bem ou pelo mal que tiver feito neste corpo terreno. 2 Co 5.10
Quando Cristo voltar, todos os mortos ressuscitarão, alguns para a vida eterna e outros para o desprezo eterno.
Muitos dos que estão mortos e enterrados ressuscitarão, alguns para a vida eterna e outros para a vergonha e a desonra eterna. Dn 12.2
Não fiquem tão surpresos! Na verdade, vem o tempo em que todos os mortos ouvirão, em seus túmulos, a voz do Filho de Deus e ressuscitarão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para terem vida eterna, e aqueles que continuaram a fazer o mal ressuscitarão para serem julgados. Jo 5.28,29
O que definirá o modo como estaremos diante do Trono do Cordeiro será a nossa decisão em vida pelo evangelho de Jesus Cristo.
Obviamente, não ignoro a realidade da santa eleição, mas ninguém será condenado por não ter sido eleito, mas sim, por ter permanecido em seus pecados, rejeitando a graça oferecida por Jesus Cristo.
"Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, separados da presença do Senhor e da majestade do seu poder." 2 Ts 1.8,9
Para aqueles que, contudo, ouviram a boa notícia de salvação e creram em Jesus Cristo, o Juízo Final não será um momento de condenação, mas de recompensa.
Cristo, ao morrer na cruz da Calvário, sofreu a ira de Deus pelos pecados de todos os que serão salvos. Deus aceitou o Seu Sacrifício, ressuscitando-O dentre os mortos e declarando justos todos os que, arrependidos, confiam em Seu Nome!
"Quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não creu no nome do unigênito Filho de Deus." João 3:18
(...) As Escrituras dizem que foi também para nosso benefício, pois elas garantem que também seremos considerados justos por crermos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor. Ele foi entregue à morte por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para que fôssemos declarados justos diante de Deus. Rm 4.24,25
Não existe outro meio de escapar do Juízo Final.
Deus não aceita promessas, sacrifícios, votos, dinheiro ou coisa parecida.
Ninguém será salvo por sua bondade (porque à luz das Escrituras, ninguém é perfeitamente bom).
O único caminho de salvação já foi revelado e devemos, em vida, tomarmos uma decisão de onde passaremos a eternidade.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim. Jo 14.6
Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos”. Atos 4.12
No Juízo Final, veremos a manifestação completa da justiça de Deus, punindo os infiéis, ao mesmo tempo em que veremos a demonstração da misericórdia de Deus por seus eleitos.
“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o reino que ele lhes preparou desde a criação do mundo. Mt 25.34
“Em seguida, o Rei se voltará para os que estiverem à sua esquerda e dirá: ‘Fora daqui, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos. Mt 25.41
A NATUREZA DA CONDENAÇÃO
A Bíblia fala muito a respeito da condenação eterna. Deus, como um Pai amoroso, nos alerta constantemente da urgência de nos voltarmos a Ele de todo nosso coração, através da fé em Seu Filho Jesus Cristo.
No primeiro sermão dessa série, onde falamos a respeito do estado intermediário, demonstramos como a alma dos impenitentes é lançada no inferno logo após a sua morte, de onde aguardam a condenação eterna.
No Juízo Final, aqueles que morreram em seus pecados, sem a aplicação da redenção, terão a Sua sentença lavrada pelo Justo Juíz e serão lançados no lago de fogo.
O mar entregou seus mortos, e a morte e o mundo dos mortos também entregaram seus mortos. E todos foram julgados de acordo com seus atos. Então a morte e o mundo dos mortos foram lançados no lago de fogo. Esse lago de fogo é a segunda morte. E quem não tinha o nome registrado no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo. Ap 20.13-15
O lago de fogo é o lugar daqueles que não se arrependeram, que amaram mais o pecado do que a Deus, permanecendo indiferentes ao sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, e não o recebendo como Senhor e Salvador.
“Mas os covardes, os incrédulos, os corruptos, os assassinos, os sexualmente impuros, os que praticam feitiçaria, os adoradores de ídolos e todos os mentirosos estão destinados ao lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”. Apocalipse 21:8
Em contraste, o perfeito estado eterno não é o lugar dos bons, dos perfeitos, dos religiosos exemplares.
Este é um mistério de nossa fé: a maior parte destes estará no inferno, porque são tão bons que não reconhecem que precisam de um Salvador. São tão exemplares que querem justificar a si próprios.
O céu é o lugar daqueles que se arrependeram e creram em Jesus. No perfeito estado eterno, veremos ali uma multidão incontável de pecadores perdoados pelo Senhor. Ainda imperfeitos, mas salvos pelo sacrifício de Jesus.
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Ap 22.14
O JUÍZO FINAL COMO ESTÍMULO A UMA FÉ AUTÊNTICA
Por isso, reconhecemos o Juízo Final como um estímulo a procurarmos viver uma fé autêntica.
Apesar de reconhecermos no sacrifício de Jesus que não estamos mais debaixo de condenação, desejamos ser servos fiéis, que por amor ao Senhor, conservam a lealdade e a integridade, até que Ele venha!
Por isso, para nós que cremos, esse dia não deve trazer pavor, porque "já não há condenação para aqueles que estão em Cristo" (Rm 8.1).
Cada ser humano que foi alcançado pelo Senhor deve se empenhar, em amor, reconhecendo que Deus, em sua justiça, recompensará o trabalho fiel do Seu Povo!
Portanto, não nos cansemos de fazer o bem. No momento certo, teremos uma colheita de bênçãos, se não desistirmos. Gl 6.9
Deus nos livrou do inferno que merecíamos e nos deu Cristo, a quem não merecíamos. Isso é graça!
Por isso, empenhe-se pela causa de Cristo! Estamos no limiar de um ano novo: quem você será em Cristo em 2025?
Congregue mais! Evangelize, ore mais. Oferte e dizime com alegria. Sirva a sua igreja local e as pessoas em necessidade. Se lance na missão!
Fomos salvos para nos empenharmos na causa de Nosso Senhor. E Ele nos chama em santa vocação para fazermos Sua vontade soberana!

Pastor Sérgio Fernandes
Pastor Titular da IPR
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