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Os Dois Fundamentos - Sermão de 14/05/2025

Atualizado: 14 de mai.



Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. Mateus 7.24-27


INTRODUÇÃO


Uma leitura dos evangelhos nos mostrará que Jesus, além de ter sido um poderoso operador de milagres, também foi o doutrinador por excelência.


O crucificado legou ao Seu povo uma coleção insuperável de ensinamentos, para que seus discípulos pudessem viver em comunhão e obediência ao Pai Celestial.


Nas últimas semanas, dedicamos um tempo de estudos ao sermão da montanha, uma das principais coleções dos ensinamentos de Jesus.


Hoje, tenho a tarefa de concluir essa sessão da jornada do Crucificado, convidando cada um de nossos irmãos a levarem a sério a fé que recebemos.


Abraçar a doutrina de Jesus não é algo opcional, como escolher a cor ou o time favorito. Seguir os ensinamentos de Cristo decidirá onde passaremos a eternidade.



O perigo do julgamento precipitado

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois, com o critério com que vocês julgarem, vocês serão julgados; e, com a medida que usarem para medir os outros, vocês também serão medidos. Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não repara na trave que está no seu próprio? Ou como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe que eu tire o cisco do seu olho’, quando há uma trave no seu? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. Não deem aos cães o que é santo, nem joguem pérolas diante dos porcos, para que eles não as pisem com os pés, e, voltando-se, os despedacem.” Mt 7.1-6

O estudo de hoje não deve ser desconectado de tudo o que já foi ensinado até o momento no sermão da montanha. Nosso Senhor estava orientando seus discípulos a repeito da ética do Reino de Deus, que abrangia tanto os deveres corretos para com Deus quanto para o próximo.


Nos seis primeiros versos de Mateus 7, o foco de Jesus é o risco de que os cidadãos do Reino não exercessem justiça com piedade e com autoexame.


É impossível vivermos sem emitir julgamentos, uma vez que fomos criados por Deus como seres morais e racionais.


O próprio Cristo, em outra passagem, permite julgamentos emitidos com retidão.


“Não julguem segundo a aparência, mas julguem segundo a reta justiça.” Jo 7.24

Então, embora julgar seja inevitável, nossos julgamentos devem ser proferidos de forma humilde e piedosa.


Veja, todos nós vivemos ainda sob alguma influência do pecado e, deste lado da eternidade, não atingiremos a estatura de varões perfeitos.


Por isso, em nossas relações com o próximo, devemos ser cuidadosos para que nosso coração não se ensorbebeça, tornando a religião uma disputa por poder ou status ao invés de ser uma proclamação esperançosa de que há salvação, graça e liberdade em Cristo.


Eu considero a parábola dos talentos um “antídoto” para evitarmos julgamentos precipitados. Deus nos fez diferentes, com talentos e capacidades diferentes e, por isso, em nosso trato com o próximo, nunca devemos nos apoiar em comparações desumanas que diminuam as pessoas.


Corrigir e instruir, sim! Condenar e destruir, não.


Jesus deu a sua vida por todos os seus eleitos, e não apenas por aqueles que, de alguma forma, se destacam no trabalho do Reino.


….


Neste trecho, Jesus também recomenda seus discípulos que, ao invés de optarem por juízos severos aos seus semelhantes, que sejam corajosos no autoexame. Somos tentados a gastar uma energia gigante observando defeitos alheios, mas costumamos ser superficiais no autoexame.


As Escrituras, contudo, recomendam que no exercício de disciplina e encorajamento da igreja, aqueles que exercem esse ministério o façam mediante um autoexame pessoal.


Paulo sintetiza isso em Gl 6.1.


Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Gl 6.1

Se gastarmos tempo em autoexame pessoal, quebraremos o vício do julgamento condenatório que muitas vezes adoece as comunidades cristãs.


O verso 6 deve ser entendido dentro deste contexto. A mesma Bíblia que proíbe o julgamento hipócrita também condena a ingenuidade tola.


Há pessoas que não querem mudança, não aceitam a correção e não são capazes de admitir suas próprias fraquezas e pecados. Diante das tais, qualquer tentativa de instrução e orientação se mostrará infrutífera.


Não devemos gastar tempo com elas.



Comunhão Contínua com Deus


“Peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta. “Respondam: Se seu filho lhe pedir pão, você lhe dará uma pedra? Ou, se pedir um peixe, você lhe dará uma cobra? Portanto, se vocês, que são maus, sabem dar bons presentes a seus filhos, quanto mais seu Pai, que está no céu, dará bons presentes aos que lhe pedirem!” Mt 7.7-11

Este ensino sobre oração está, de certa forma, conectado com as instruções anteriores. De que maneira podemos viver a ética cristã sem cairmos no erro de julgamentos precipitados ou em uma ingenuidade tola e sem critérios?


Através da oração. Deus nos resgatou para estarmos em comunhão com Ele e sermos instruídos pelas Escrituras e pela guia do Espírito Santo.


A vida cristã só é possível com oração.


E oração é reconhecimento e decisão.


Só ora quem reconhece que nada pode sem Deus. E esse reconhecimento nos leva a decidirmos fortalecer nossa comunhão com Ele.


Os verbos pedir, procurar e bater não são, necessariamente, formas diferentes de orar. Essas repetições apenas reforçam que quando decidimos nos aproximar de Deus, teremos respostas.


Os verbos no grego indicam ação contínua. Devemos persistir em orar, para crescermos cada vez mais no discernimento da vontade de Deus.


Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês. Tg 4.8a

A oração, na ótica de Cristo, não é o relacionamento de um pedinte com o gênio da lâmpada, mas a relação de amor e instrução entre um Pai e Filho.


A oração cristã não é pedir coisas aleatoriamente para Deus, mas estar alinhado com Sua vontade soberana.


Deus, o Pai bondoso, sabe o que precisamos e quando precisamos. Em nossas orações, buscamos nos adequar aos planos do Senhor, enquanto somos transformados de glória em glória.


E nesse processo, Ele nos supre de bençãos que tornam possível o avanço do Seu Reino e proporciona refrigério em nosso coração.


O Pai tem bons presentes para seus filhos.


Deus, como o Pai soberano e bom, responde com generosidade aos que persistentemente buscam a Ele em fé. 


A oração é um meio de graça, sustentada pela bondade de Deus, não pelo mérito humano. É um convite à intimidade e confiança na soberania divina.



A REGRA DE OURO


'“Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas.” Mateus 7:12

O verso 12 funciona como uma conclusão das instruções éticas de Jesus aos seus discípulos.


Talvez como uma forma de agregar exemplos práticos que não foram contemplado em suas palavras, o Mestre demonstre que o modelo de relação que o discípulo de Jesus deve viver sempre será o de fazer o bem primeiro, servindo ao próximo da mesma forma que gostaria de ser servido.


Esse modelo de atitude sacrificial exemplifica aquilo que o Senhor espera de nós.


Assim como o Crucificado, nós devemos buscar primeiro o bem de nosso próximo. Com graça, oferecemos a mesma ajuda que recebemos de Nosso Senhor e, assim, cumprimos a santa lei que Ele nos deixou.


Pois toda a lei pode ser resumida neste único mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Gl 5.14


A Prova da fé



A partir do verso 13, Jesus colocará a fé dos discípulos em prova através de três alegorias: a porta estreita, a árvore e os frutos e os verdadeiros discípulos.


Em cada uma delas, o Senhor desafia seus discípulos a edificarem suas vidas no firme fundamento das Suas Palavras.


A fé em Jesus sempre exige uma resposta radical.


a porta estreita

“Entrem pela porta estreita. A estrada que conduz à destruição é ampla, e larga é sua porta, e muitos escolhem esse caminho. Mas a porta para a vida é estreita, e o caminho é difícil, e são poucos os que o encontram.” Mt 7.13,14

Aqui, o imperativo "Entrai" traz a idéia de uma tomada urgente de decisão. Jesus afirma que a religião verdadeira exige renúncia pessoal, dedicação e disciplina. O homem nascido de novo deve esforçar-se em viver para glória de Deus em cada nuance de sua vida.

E isso exige consagração total, caminho de cruz!


Deus nos chama para sermos como holocaustos, ofertas totalmente queimadas e entregues à Sua vontade soberana. Se o teu cristianismo não exige nada de você, não é o que foi ensinado por Jesus.


“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Lucas‬ ‭9‬:‭23‬ ‭ARC‬‬

“Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.” João‬ ‭12‬:‭24‬ ‭ARC‬‬

Porta estreita e caminho estreito nos lembram disso. Não se trata de rigidez legalista ou ditadura de tradições e costumes humanos. Mas aceitar o desafio de viver para glorificar o Senhor em todas as coisas.


A porta larga e o caminho largo se tratam de uma religião superficial, sem obediência ao Senhor e sem aspectos éticos e morais divinamente ordenados. É uma religião de aparência, sem frutos espirituais e, consequentemente, sem salvação.



a Árvore e seus frutos


Tomem cuidado com falsos profetas que vêm disfarçados de ovelhas, mas que, na verdade, são lobos esfomeados. Vocês os identificarão por seus frutos. É possível colher uvas de espinheiros ou figos de ervas daninhas? Da mesma forma, a árvore boa produz frutos bons, e a árvore ruim produz frutos ruins. A árvore boa não pode produzir frutos ruins, e a árvore ruim não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Portanto, é possível identificar a pessoa por seus frutos.” Mt 7.15-20

Nessa metáfora, Jesus demonstra que a verdadeira religião é identificada pelos frutos que ela produz. Semelhante as árvores, os homens produzirão os frutos de acordo com o estado seu coração.


Os frutos aqui, referem-se aos aspectos morais e éticos da vida da pessoa.


Homens piedosos produzirão bons frutos.

Homens ímpios produzirão maus frutos.


É óbvio que uma pessoa nascida de novo pode, eventualmente, praticar alguma obra da carne e desagradar a Deus.


Cristãos ainda lutam contra o pecado e caem em tentações.


Mas ele nunca ficará conformado com isso e procurará rapidamente produzir frutos dignos de alguém que se arrependeu.


O povo crucificado com Cristo se esforçará sempre para fazer o bem! Sem intrigas, sem contendas, sem inimizades. Com todo amor e pureza. Com honestidade e lealdade.


Que tipo de frutos temos produzido? Há, em nossa vida, evidências de que somos seguidores de Jesus?



Fazer a vontade do Pai

“Nem todos que me chamam: ‘Senhor! Senhor!’ entrarão no reino dos céus, mas apenas aqueles que, de fato, fazem a vontade de meu Pai, que está no céu. No dia do juízo, muitos me dirão: ‘Senhor! Senhor! Não profetizamos em teu nome, não expulsamos demônios em teu nome e não realizamos muitos milagres em teu nome?’. Eu, porém, responderei: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim, vocês que desobedecem à lei!’'. Mt 7.21-23

Aqui, Jesus termina a sua advertência em prol da verdadeira religião demonstrando que a obediência é o selo que autentica a nossa relação com Deus.


Corremos o risco de sermos superficiais em nosso julgamento e nos maravilharmos com demonstrações exteriores de religiosidade, até manifestações espirituais.


Deus não se impressiona com manifestações espirituais. O que vale para Deus é a obediência!


A confissão de boca não é suficiente: "Senhor, Senhor"

Operar sinais não é o suficiente: "não profetizamos em teu nome? não expulsamos demônios?


A estes, o Senhor dirá: "não vos conheço".


Só entrará no Reino aquele que faz a vontade do Pai. A salvação pela graça não é, biblicamente, sinônimo de salvação com desobediência.


A mesma graça que salva, educa!


Se Cristo morreu para me libertar dos meus pecados, seria vergonhoso permanecer neles após ser iluminado para salvação.


“Como filhos obedientes, não vivam conforme as paixões que vocês tinham anteriormente, quando ainda estavam na ignorância. Pelo contrário, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem.” 1 Pe 1.14,15

Os dois fundamentos


Mediante a apresentação anterior, podemos finalmente trazer o texto base da reflexão de hoje.


Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. Mateus 7.24-27

Todos nós estamos edificando nossas vidas em algum fundamento.


Aqueles que, de fato, são de Cristo, estão edificando sobre a rocha inabalável. Eles ouvem a palavra de Deus e praticam seus ensinamentos. A firmeza dessa decisão os mantém seguros quando os revezes surgirem.


Sua obediência a Palavra os torna fortes na fé, sábios na condução de suas vidas, previdentes e zelosos do bem. Eles se esforçarão para glorificar a Deus e isso os manterá longe do pecado.


Por maiores que sejam as suas aflições, eles estão seguros eternamente, uma vez que suas vidas está fundamentada na graça do Salvador.


O mesmo não pode ser dito daqueles que vivem uma fé superficial.


Eles não obedecem a Deus. Não seguem as orientações da Palavra. Fazem religião para si mesmos. Não criam raízes profundas em Cristo. Ao invés de se firmarem nas Escrituras, firmam-se nas vãs filosofias desse tempo.


Por não terem um fundamento sólido, não resistem as tribulações.


Assim são muitos que passam pelos arraiais cristãos, mas não permanecem nele. E quando saem, acusam os outros de serem o motivo de seu afastamento.


Ninguém pode criar raízes para mim e ninguém pode remover minhas raízes em Cristo.


Sobre qual fundamento você tem edificado sua vida?


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Se a sua vida é marcada por erros inúmeros, por péssimas decisões, por resultados espirituais agridoces, sem frutos, sem vida, sem experiências, nunca é tarde para recomeçar!


Deus, o Pai, é rico em misericórdia. Ele promete acolher e perdoar aqueles que, arrependidos, buscam abrigo na graça de Cristo.


Mas não trate com irresponsabilidade a misericórdia de Deus. Ele também é justo e será severo com aqueles que, obstinadamente, recusam-se a render a Ele e dar glórias devidas ao Seu Santo nome.


As advertências bíblicas são reais.


"Que o mau continue a praticar a maldade; que o impuro continue a ser impuro; que o justo continue a viver de forma justa; que o santo continue a ser santo”.“Vejam, eu venho em breve e trago comigo a recompensa para retribuir a cada um de acordo com seus atos. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.” Apocalipse 22.11-13

Que Deus nos encontre vivendo a fé "de verdade"



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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