A Cura Dos dez Leprosos- Sermão de 17/09/2025
- Daniel Moraes Andrade
- 17 de set.
- 6 min de leitura
Atualizado: 19 de set.

"“Levanta-te e vai; a tua fé te salvou” - Lucas 17.19
Introdução
Há momentos na vida em que nossa única saída é clamar por misericórdia, foi assim com dez leprosos. A lepra, naquele contexto, representava isolamento, vergonha e morte social, neste texto nos mostra não apenas um milagre de cura, mas uma revelação profunda sobre gratidão, fé e salvação, assim como aqueles homens precisaram reconhecer sua condição e clamar a Jesus, nós também, hoje, precisamos entender nossa necessidade espiritual. Como diz Isaías 59.2: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. Esse texto nos mostra um panorama completo do evangelho, a miséria humana, a compaixão divina e a resposta de fé.
Jesus está no caminho para Jerusalém. Cada passo aponta para a cruz, onde Ele realizará a maior obra de misericórdia. Nesta caminhada, Ele encontra dez leprosos — dez vidas marcadas pela dor, isolamento e vergonha. A lepra, no contexto bíblico, não era apenas uma doença física; era um símbolo do pecado que separa o homem de Deus e da comunidade. Os leprosos viviam excluídos, afastados do convívio familiar, social e religioso.
Esse cenário nos lembra do mundo de hoje: pessoas com “lepras modernas” — vícios, depressão, pobreza, rejeição, pecados ocultos, dívidas, ressentimentos, solidão — situações que marginalizam. Jesus, no entanto, não passa indiferente. Ele se aproxima, ouve o clamor e transforma vidas.
O Comentarista Wayne Grudem diz, “O pecado traz alienação, mas a graça em Cristo restaura comunhão.”
João Calvino reforça: “Cristo, ao curar os leprosos, mostra ser o verdadeiro sacerdote que nos reconcilia com Deus.”
Hoje, o Espírito Santo quer nos conduzir além da cura superficial — quer nos dar salvação plena.
A condição dos leprosos (Lucas 17:11-13)
Os leprosos eram pessoas marginalizadas, afastadas da sociedade devido à sua condição, a lepra, naquela época, era vista não só como uma doença física, mas também como um sinal de impureza espiritual. Por isso, os leprosos eram obrigados a viver isolados, longe de suas famílias e comunidades. Eles não podiam participar da vida social e religiosa, sendo considerados “impuros”.
Os dez leprosos mencionados no texto se encontravam à margem da sociedade, sofrendo física e emocionalmente. Quando ouviram falar que Jesus estava por perto, clamaram em alta voz: “Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!”, esse clamor era um ato de fé, pois reconheceram que Jesus tinha poder para curá-los, mesmo à distância.
Os dez leprosos “ficaram à distância”. Eles sabiam de sua condição e não podiam se aproximar, nós também precisamos reconhecer nossa distância de Deus, sem arrependimento não há transformação.
Isaías 59.2 — “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus.”
Quantas pessoas entram na igreja, mas continuam afastadas espiritualmente porque não reconhecem seu estado real? O pecados e a lepra, além de uma doença física, era símbolo do pecado. Assim como esses homens estavam afastados, nós, sem Cristo, estávamos separados de Deus. O comentário de Calvino destaca que a fé começa pelo reconhecimento de nossa miséria. É o primeiro passo para a cura espiritual.
A resposta de Jesus e a obediência dos leprosos (Lucas 17:14)
Jesus respondeu ao clamor daqueles homens com um simples comando: “Vão mostrar-se aos sacerdotes” (Lucas 17:14). Na Lei de Moisés, era necessário que um sacerdote confirmasse a cura de uma doença como a lepra para que o curado pudesse ser reintegrado à sociedade (Levítico 14:2-32). Sem questionar, os leprosos obedeceram e, enquanto iam, foram purificados.
Essa obediência antes da manifestação completa do milagre é um exemplo de fé genuína. Eles não questionaram, não pediram provas; simplesmente seguiram a ordem de Jesus. Muitas vezes, Deus nos pede para dar passos de fé antes de vermos a resposta ou o milagre que esperamos.
A fé verdadeira confia e obedece à Palavra de Deus, mesmo quando as circunstâncias ainda parecem as mesmas.
Eles gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”
Em vez de fingir autossuficiência, precisamos clamar. Não é um pedido educado, é um grito desesperado.
Salmo 34.6 — “Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas tribulações.”
No trânsito, no trabalho, no hospital, quantas vezes precisar, clamar ate mesmo gritar como de costume dentro do carro, e não apenas repetir frases prontas!
O clamor sincero atrai a misericórdia de Jesus.
Jesus não os curou no momento do pedido, mas lhes deu uma ordem. Grudem nos ajuda a refletir, que a fé genuína envolve confiança obediente mesmo quando não vemos resultados imediatos. Quantas vezes em nossa vida precisamos dar passos de obediência sem ainda ver a resposta?
Essa é a essência da fé reformada: crer na Palavra antes de ver a promessa concretizada.
A gratidão de um dos leprosos (Lucas 17:15-16)
Quando os dez perceberam que haviam sido curados, apenas um deles voltou para agradecer a Jesus. Esse homem era um samaritano, um estrangeiro, como eu e você, alguém que os judeus tradicionalmente desprezavam, ele voltou glorificando a Deus em alta voz e lançou-se aos pés de Jesus, agradecendo-lhe.
Aqui, vemos um contraste entre a fé que leva à obediência e a fé que gera gratidão. Todos os dez tiveram fé suficiente para obedecer a Jesus, mas apenas um teve um coração grato, reconhecendo que sua cura era uma dádiva divina que merecia ser honrada e celebrada. Isso nos faz refletir sobre quantas vezes Deus tem nos abençoado e, em vez de retornarmos para agradecer, seguimos em frente com nossas vidas como se fosse algo merecido ou comum.
A gratidão é marca de quem foi realmente transformado, quantos recebem bênçãos mas não voltam para agradecer? Um dos dez voltou, glorificando a Deus em voz alta e prostrando-se aos pés de Jesus.
1 Tessalonicenses 5.18 — “Em tudo dai graças.”
“E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; e caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano”.
A gratidão é marca de quem entendeu a graça. Como diz as escrituras em 1Tessalonicenses 5.18: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. Hernandes Dias Lopes deixa muito claro em um podcast, que a ingratidão é uma das maiores chagas espirituais do nosso tempo.
Precisamos ensinar a nossa igreja a cultivar um coração grato, até nas rotinas mais comuns — no trânsito, no trabalho, nas pequenas provisões diárias.
Quantas vezes reclamamos do emprego, da família, da igreja, esquecendo que antes era essa o nosso petição?
A ingratidão corrói a fé.
A declaração de Jesus (Lucas 17:17-19)
Jesus, ao ver que apenas um voltou, perguntou: “Não foram purificados todos os dez?
Onde estão os outros nove?”, essa pergunta revela a decepção de Jesus com a falta de gratidão dos outros curados. Em seguida, Ele disse ao samaritano:
“Levante-se e vá; a sua fé o salvou” (Lucas 17:19).
O que Jesus queria mostrar é que a cura física é importante, mas a salvação, que envolve uma transformação completa do ser, é ainda mais. A fé daquele samaritano não só trouxe cura ao seu corpo, mas também salvação à sua alma. Isso nos ensina que a verdadeira fé não é apenas acreditar em milagres, mas também reconhecer e agradecer a Deus por Sua graça em nossas vidas.
Muitos querem cura, poucos querem salvação, não basta milagre; é preciso novo nascimento, Jesus pergunta: “Onde estão os outros nove?” E declara ao samaritano: “A tua fé te salvou”, NÃO é qualquer fé, mas essa fé que Paulo descreve em Efésios 2.8 - A FÉ SALVADORADORA.
João 3.3 — “Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.”
Somente um foi salvo de fato. A diferença não está no poder de Jesus, mas na resposta do coração. Martinho Lutero dizia que a verdadeira fé sempre se manifesta em gratidão e adoração. Muitos querem apenas os benefícios de Cristo, mas não o próprio Cristo. O convite do evangelho é para salvação, não apenas para soluções temporárias.
No cotidiano, isso significa escolher Jesus acima das bênçãos — preferir um coração transformado do que apenas uma conta bancária recheada.
CONCLUSÃO
Esse texto nos desafia a reconhecer nossa condição espiritual, obedecer à voz de Jesus antes de ver os resultados, cultivar um coração grato e buscar não apenas a cura, mas a salvação completa. Hoje, Jesus continua passando pelo caminho da nossa vida. Ele ouve o clamor sincero, Ele responde à fé obediente e Ele salva aquele que se prostra em gratidão. Não basta receber bênçãos; é preciso reconhecer o Senhor da bênção.
Hoje reconheça a sua condição diante de Deus, obedeça pela fé, cultive um coração grato, busque mais do que apenas bênçãos materiais, mas a Eterna Salvação.
Assim como aqueles dez leprosos, nós também vivemos afastados, doentes espirituais. Jesus continua passando pelo “caminho” da nossa vida cotidiana. Hoje Ele te vê.
Hoje Ele te chama. Hoje Ele quer não apenas curar, mas salvar.
Não seja como os nove que receberam a bênção e foram embora. Seja como o samaritano que voltou, se prostrou e recebeu salvação. A decisão é sua:
apenas um milagre passageiro ou uma vida transformada para sempre.
Como Jesus faria, com amor e verdade, eu te digo: Volte para agradecer. Volte para se render. Volte para receber salvação.
“Levanta-te e vai; a tua fé te salvou” (Lucas 17.19).
DEUS TE ABENÇOE.

Pastor Daniel Andrade
Pastor Adjunto da IPR





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