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Quando a Graça Encontra o Pecado - sermão 09/11/2025


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“Então Jesus disse: ‘Também eu não a condeno. Vá e não peque mais." – João 8.11 NVT

Introdução


Quando a Graça Encontra o Pecado?

O que acontece quando a santidade de Deus se encontra com a miséria do pecado humano? O que faz o Deus justo diante de uma mulher culpada e uma multidão hipócrita pronta a apedrejar? O evangelho de João nos convida a presenciar uma das cenas mais comoventes e desconcertantes da história: uma mulher apanhada em adultério é arrastada até o templo, exposta diante do povo, acusada pelos religiosos, e colocada aos pés daquele que é a própria Verdade encarnada — Jesus Cristo.


É curioso que o cenário dessa história seja o templo. O lugar da adoração se torna o palco da vergonha. O altar da santidade é invadido pela impureza. Aquilo que deveria ser casa de oração transforma-se num tribunal humano. É ali que o contraste entre a lei e a graça, entre o homem e Deus, entre o pecado e a santidade se revela em toda sua intensidade.

Os fariseus não estavam interessados em justiça. Eles queriam armar uma cilada para Jesus.


Se Ele a condenasse, perderia o título de “amigo dos pecadores”; se a absolvesse, seria acusado de violar a Lei de Moisés. A cena é montada com precisão cirúrgica: o pecado está exposto, os acusadores estão armados, a multidão curiosa se aglomera, e o silêncio do Salvador paira sobre o ambiente.


Mas o que eles não sabiam é que estavam diante daquele que não apenas conhece a lei — Ele é o cumprimento da lei (Mateus 5.17).Jesus não apenas ensina sobre misericórdia — Ele é a própria misericórdia encarnada.


Essa história é mais do que o registro de um milagre moral; é o retrato da humanidade caída e da graça redentora de Deus.Ela fala sobre nós — sobre o nosso pecado exposto, sobre a nossa culpa inegável e sobre a graça que nos encontra no pó.


Como disse o Rev. Hernandes Dias Lopes:

“A graça de Deus é escandalosa porque ela alcança quem não merece, perdoa quem não pode pagar e levanta quem o mundo quer derrubar.”

A história da mulher adúltera é, na verdade, a história da humanidade — culpada diante da Lei, mas alcançada pela Graça.


E é sobre essa graça que transforma, restaura e liberta que vamos refletir.



I. O PECADO QUE HUMILHA (João 8.3–6)


“Então os mestres da lei e os fariseus trouxeram uma mulher que havia sido apanhada em adultério. Colocando-a diante de todos, disseram a Jesus: ‘Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. A lei de Moisés manda apedrejar tais mulheres. O que o senhor diz?’”


O pecado tem o poder de humilhar e destruir. Ele tira a dignidade, corrói a alma e nos coloca sob o peso da vergonha. Aquela mulher é arrastada publicamente, como se fosse um troféu da justiça alheia. Não há compaixão, não há misericórdia — há apenas exposição. Os fariseus não se importavam com a mulher; eles queriam usá-la como ferramenta para atacar Jesus.


A hipocrisia religiosa é uma das faces mais cruéis do pecado. Eles se achavam defensores da moral, mas ignoravam o próprio pecado. Notemos: o adultério exige dois culpados — mas apenas a mulher é trazida. O homem desapareceu. A lei, que deveria ser imparcial, é aplicada seletivamente. Assim é o coração humano — rápido para apontar o erro dos outros, lento para reconhecer o próprio.


Como ensina Wayne Grudem:

“O pecado não é apenas uma ação errada; é uma inclinação interior que distorce toda a nossa percepção de Deus, dos outros e de nós mesmos.”

Os fariseus usaram a lei como arma, mas a lei de Deus nunca foi feita para destruir o pecador — foi feita para conduzi-lo à graça, a mulher, sim, havia pecado. Mas os acusadores também eram pecadores, Jesus não negará a lei; Ele revelará o seu verdadeiro propósito.


Quantas vezes nós, como os fariseus, exibimos a culpa alheia para esconder a nossa?Quantas vezes levantamos pedras contra os outros, tentando silenciar a voz da nossa própria consciência?A hipocrisia é o disfarce da alma orgulhosa — e o orgulho é o pecado que mais nos afasta de Deus.


Imagine um médico infectado tentando operar outro paciente sem usar luvas. Ele pode até parecer ajudar, mas na verdade espalha a doença. Assim é aquele que tenta corrigir o pecado alheio sem antes tratar o seu próprio coração.


"Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas; porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo." — Romanos 2:1
“O pecado sempre humilha, mas o orgulho religioso cega.”

II. A GRAÇA QUE RESTAURA

(João 8.6–9)


“Jesus se inclinou e começou a escrever no chão com o dedo. Como insistissem na pergunta, ele se levantou e disse: ‘Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra.’ Então, inclinou-se novamente e continuou a escrever no chão.”


Esse é o momento em que o céu toca a terra, Jesus não responde de imediato. Ele se cala e escreve no chão — um gesto misterioso e poderoso. O silêncio de Cristo é mais eloquente que qualquer discurso. Enquanto os homens gritam por condenação, Ele escreve graça na poeira, aqueles dedos que escreveram a lei nas tábuas de pedra agora escrevem misericórdia no pó do chão.


Ninguém sabe o que Ele escreveu, mas o efeito é devastador: um a um, os acusadores vão embora. A presença da santidade expõe o pecado escondido, eles queriam julgar; foram julgados, queriam condenar; foram condenados pela própria consciência.

A graça tem esse poder restaurador: ela desarma a justiça humana e revela o amor divino. Jesus não nega o pecado, mas o trata com verdade e compaixão. Ele não diz: “Ela é inocente”, mas mostra que todos são culpados.


Como diz Hernandes Dias Lopes:

“A graça não é conivência com o pecado; é vitória sobre ele. A graça não é desculpa para pecar mais, mas força para não pecar outra vez.”

E Wayne Grudem completa, em sua teologia sistemática:

“A justificação é o ato gracioso de Deus pelo qual Ele declara justo o pecador, não por méritos próprios, mas pela fé em Cristo Jesus.”

A mulher não fez nada para merecer o perdão, nenhum ato, nenhuma promessa, nenhuma penitência, apenas ficou diante de Jesus, vulnerável, quebrada, silenciosa, e é ali, no chão, que a graça de Deus nos encontra.


Um juiz, ao ver um réu condenado e sem recursos, tira sua toga, desce do tribunal, paga a dívida e liberta o culpado. Assim é Cristo: o juiz que desce da glória para pagar nossa sentença com o próprio sangue.


"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" — Romanos 3:23
"O Senhor é misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em benignidade." — Salmos 103:8
“A graça não ignora a culpa; ela a cobre com o sangue do Cordeiro.”


III. O PERDÃO QUE TRANSFORMA (João 8.10–11)


“Então Jesus se levantou novamente e perguntou à mulher: ‘Onde estão seus acusadores? Nenhum deles a condenou?’ ‘Nenhum, Senhor’, respondeu ela. E Jesus disse: ‘Também eu não a condeno. Vá e não peque mais.’


Aqui está o clímax da graça.Jesus, o único que poderia atirar a pedra — não atira, Ele é o Santo, o Justo, o Filho de Deus. Ele não relativiza o pecado, mas oferece uma nova vida, a sentença é revogada, mas não sem custo: Ele mesmo pagará por ela na cruz.


O perdão de Cristo não é apenas absolvição — é transformação. A graça que perdoa também empodera, Jesus não diz “vá e viva como quiser”, mas “vá e não peque mais”, quem é alcançado pela misericórdia é chamado a uma nova maneira de viver.

Pergunta retórica:

“Você tem vivido como alguém perdoado, ou ainda acorrentado à culpa do passado?”

O perdão de Cristo não nos autoriza ao pecado; nos liberta do poder dele, aquela mulher entrou no templo como pecadora e saiu como filha restaurada, ela foi humilhada pelos homens, mas exaltada pelo Salvador.


Abraham Kuyper escreveu:

“Cristo não redime apenas a alma individual; Ele redime toda a criação. Não há um centímetro da existência humana sobre o qual Cristo não declare: ‘É meu!’”

O perdão de Jesus não transforma apenas o coração; ele renova a mente, a conduta, o futuro, quem é alcançado pela graça de Cristo não volta a viver nas trevas — caminha na luz da vida.


Uma vez, alguém perguntou a Hernandes Dias Lopes: “Pastor, e se eu cair de novo?” Ele respondeu: “A graça de Deus não é um trampolim para o pecado, é um braço estendido para o arrependido.”


"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." — 2 Coríntios 5:17
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." — 1 João 1:9
"Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" — Mateus 3:8

“Quem é perdoado por Cristo não volta para as trevas; caminha à luz da graça.”

Conclusão


— “Nem Eu Te Condeno”


A história começa com uma mulher cercada por acusadores e termina com uma mulher cercada pela graça, o tribunal dos homens se dissolveu diante do tribunal da consciência, o silêncio de Jesus ecoa como um trovão de misericórdia.


O pecado que humilha foi exposto, a graça que restaura foi revelada, e o perdão que transforma foi proclamado. Na cruz, vemos o cumprimento final desta cena:


A mulher adúltera somos nós, os fariseus somos nós todos estávamos condenados pela lei — até que o Filho de Deus se colocou em nosso lugar.

Ele tomou sobre si o que era nosso, e nos deu o que era dEle.


Como diz Hernandes Dias Lopes:

“A cruz é o altar onde a justiça e a misericórdia se beijaram.”

Cristo não apenas livrou a mulher do apedrejamento; Ele a libertou da escravidão do pecado, o mesmo Jesus que se inclinou para escrever no chão se inclinou sobre a cruz para escrever, com o próprio sangue, a palavra “PERDOADO”.


O mundo hoje continua cheio de acusadores, as redes sociais condenam, as pessoas julgam, o passado nos persegue, mas há um lugar onde a condenação é silenciada

aos pés da cruz de Cristo.


Como Wayne Grudem escreve:

“A salvação é totalmente pela graça, para que toda a glória seja totalmente de Deus.”

E é justamente isso que transforma a nossa história: não somos salvos porque somos bons, mas porque Ele é bom, não porque merecemos, mas porque Ele decidiu nos amar.

Cristo é a resposta para o coração humano e para o mundo ferido, Ele é o Deus que não lança pedras, mas lança pontes.


Ele é o Salvador que desce ao pó para levantar o caído, Ele é o único que pode dizer com autoridade e ternura:

“Nem eu te condeno. Vá e não peques mais.”

Frase final:

“A lei mostra o que merecemos; a graça revela o que Deus oferece.”

“O que você fará agora que ouviu a voz de Jesus dizendo: ‘Nem eu te condeno’? Vai continuar onde o pecado te derrubou, ou vai se levantar para viver uma nova história com Cristo?”



DEUS TE ABENÇOE.



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Pastor Daniel Andrade

Pastor Adjunto da IPR

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