A Ressurreição de Lázaro - Sermão de 14/09/2025
- Pastor Sérgio Fernandes

- 12 de set.
- 14 min de leitura
Atualizado: 15 de set.

Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele morava em Betânia com suas irmãs, Maria e Marta. Foi Maria, a irmã de Lázaro, que mais tarde derramou perfume caro nos pés do Senhor e os enxugou com os cabelos. As duas irmãs enviaram um recado a Jesus, dizendo: “Senhor, seu amigo querido está muito doente”. Quando Jesus ouviu isso, disse: “A doença de Lázaro não acabará em morte. Ela aconteceu para a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela”. Jo 11.1-5
INTRODUÇÃO
Queridos irmãos, todos nós conhecemos a dor de perder alguém que amamos. Talvez não exista ferida mais profunda do que se despedir de um pai, uma mãe, um filho, um amigo querido.
É um silêncio que ecoa dentro da alma. É nesse terreno de lágrimas que encontramos a história de hoje: a morte de Lázaro, amigo íntimo de Jesus.
A doença de Lázaro não terminou em morte definitiva, porque Deus decidiu usar aquele vale escuro para revelar a glória do Seu Filho.
E é exatamente isso que o evangelho faz em nós: pega o que parece irreversível, o que cheira mal, e transforma em palco da glória de Cristo.
Hoje, à medida que caminharmos pelo texto, veremos como Jesus lida com nossos atrasos, nossas frustrações, nossas lágrimas... e como Ele mesmo se revela como a Ressurreição e a Vida.
Venha comigo nessa história!
NOTAS CONTEXTUAIS
Para bom proveito do texto bíblico dessa manhã, não podemos ignorar alguns elementos contextuais que dão o pano de fundo para essa história.
O primeiro deles é que essa jornada de fé da família não começou aqui, mas em Lucas 10.38-42. Você pode conferir essa história aqui.
Em Lucas, contudo, não há menção desse Lázaro, que só é citado no evangelho de João.
É importante frisar também que esse Lázaro não é o mesmo da parábola do rico e Lázaro. Esse nome era comum em Israel, mas não podemos confundir os personagens.
Esse episódio também é o sétimo e último sinal apresentado por João que autentica a divindade de Jesus. Os anteriores foram:
Transformar água em vinho (Jo 2.1-11)
Cura do filho de um oficial do rei (Jo 4.46-54)
Cura do paralítico de 38 anos (Jo 5.1-15)
Multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.1-15)
Jesus anda sobre o mar (Jo 6.16-21)
Cura do cego de nascença (Jo 9.1-41)
Vamos começar a história.
UM AMIGO DOENTE
Como vimos na leitura oficial, o pano de fundo para esse momento da vida de Cristo é a enfermidade de seu amigo Lázaro.
Essa família fazia parte do círculo mais íntimo de Jesus, a ponto de João destacar isso no verso 5.
Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Jo 11.5
O pedido por ajuda feito pelas irmãs era urgente.
Ninguém recorreria a Cristo por um mero resfriado,
sabendo do extenso trabalho de pregação que
Ele estava fazendo.
A reação de Jesus à urgência foi precisamente notada por João.
Ouvindo, portanto, que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava. Jo 11.5,6
Eu certamente ficaria muito nervoso com Jesus se, precisando de um socorro dEle, fosse surpreendido com um atraso tão significativo.
Ao longo do texto, veremos que João foi preciso em informar tempos e distâncias, o que parece sugerir que ele tem uma ideia fixa em mente com esse relato.
A demora de Jesus não era uma eventualidade qualquer, ela fazia parte do plano.
O texto reforça esse entendimento.
Era parte do plano divino Jesus voltar para Judéia, um lugar onde já existia uma hostilidade contra o seu ministério.
Depois, disse a seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia”. Os discípulos se opuseram, dizendo: “Rabi, apenas alguns dias atrás o povo da Judeia tentou apedrejá-lo. Ainda assim, o senhor vai voltar para lá?”. Jesus respondeu: “Há doze horas de claridade todos os dias. Durante o dia, as pessoas podem andar com segurança. Conseguem enxergar, pois têm a luz deste mundo. À noite, porém, correm o risco de tropeçar, pois não há luz”. Jo 11.7-10
Jesus sabia que o calendário divino que o levaria à cruz estava próximo.
O "dia", onde as pessoas caminham sem tropeçar, se referia ao Seu tempo entre os homens. A "noite" se referia à sua morte na cruz.
O risco da hostilidade não era maior que o propósito que Ele cumpria.
Jesus estava seguindo a agenda do Seu Pai.
Sua presença não era conduzida pelas
formalidades humanas,
mas por um plano Eterno.
E nada impediria esse plano de ocorrer.
Nem mesmo a oposição impediria esse calendário de se cumprir.
...
E, pelo texto, vemos que o próprio Jesus situa esse pedido de Marta e Maria com esse plano que Ele estava realizando.
A fim de revelar-se como o Filho Deus e o Messias Prometido, era necessário que Ele operasse um derradeiro sinal de sua divindade antes de subir à cruz.
Veja o que o próprio Cristo disse:
E acrescentou: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas agora vou despertá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme é porque logo vai melhorar!”. Pensavam que Jesus falava apenas do repouso do sono, mas ele se referia à morte de Lázaro.Então ele disse claramente: “Lázaro está morto. E, por causa de vocês, eu me alegro por não ter estado lá, pois agora vocês vão crer de fato. Venham, vamos até ele”. Jo 11.11-15
O atraso de Jesus era intencional.
Era necessária a morte de Lázaro para o plano divino se cumprir.
Aqui, podemos fazer vários apontamentos:
Era parte da esperança messiânica a capacidade do Messias encarar a morte e vencê-la. Isso aconteceu em cada episódio de ressurreição do NT (a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim) e, principalmente, na própria ressurreição de Cristo. “Eu os remirei do poder do inferno, os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas?” Oséias 13.14
Se Jesus impedisse a morte de Lázaro com uma visita antecipada, Ele reduziria seu poder ao dos meros curandeiros de seu tempo. Curandeiros podiam curar doenças, mas somente Deus poderia vencer a morte. Teus mortos, porém, viverão; seus corpos ressuscitarão. Aqueles que dormem na terra
se levantarão e cantarão de alegria. Pois tua luz que dá vida descerá como o orvalho
sobre teu povo no lugar dos mortos. Is 26.19
Precisamos entender que, embora Deus permita que nos aproximemos dEle com nossos pedidos e necessidades, Ele sempre agirá no tempo dEle e da maneira dEle. Deus é generoso, mas Ele não se dobra aos nossos caprichos pessoais.
Agostinho sintetiza isso com uma das frases mais lindas da teologia cristã: "Ele podia ter descido da cruz, mas Ele preferiu subir da sepultura"
........
O que isso nos ensina? Não devemos tratar Jesus apenas como um "amuletinho da sorte", que nos livra dos problemas da vida cotidiana.
Pra muita gente Jesus é apenas isso.
Lembram-se dEle apenas nas horas difíceis.
Jesus não quer suas apenas suas dores, Ele quer sua vida toda!
Jesus não quer pedintes, Ele quer alunos que tenham desejo de andar com Ele.
...
Além disso, Jesus sabe que uma parte significativa de nosso aprendizado se dá em meio a dores e aflições. A fé madura que Ele deseja formar em nós demanda nos expor a situações caóticas e de dificil superação. Ele não foi poupado da cruz..
por que nós seríamos dos sofrimentos?
Reflita comigo:
Se Ele tivesse ido a Betânia e curado Lázaro, a única lição que Marta e Maria teriam seria a de uma oração respondida.
Ao permitir sua morte, Jesus agregou muitas matérias no curriculo da formação cristã das irmãs:
Como permanecer adorando quando a expectativa é frustrada?
Como amar mais a Cristo que as Suas bençãos
Como lidar com as dores à luz da etenidade?
Como aprender sobre a brevidade da vida?
E muitas outras...
Irmãos, Deus está sempre nos ensinando!
Isso é significativo pra nós. Precisamos nos libertar dessa mentalidade moderna de que o fim da vida é o bem-estar, o sucesso, as agendas cheias.
A nossa religião não é a nosso respeito, mas a respeito de Cristo e do Seu Plano Redentor.
Que valor teria a nossa fé em Jesus, se estivessemos com Deus por aquilo que Ele pode nos dar?
Isso não seria religião,
seria jogo de interesses.
Por isso, Jesus ensinou que cristianismo significa "permanecer em Cristo",
independente das circunstâncias.
Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Pois, assim como um ramo não pode produzir fruto se não estiver na videira, vocês também não poderão produzir frutos a menos que permaneçam em mim. Jo 15.4
E nas inúmeras situações que Deus permite vivermos, nossas raízes se aprofundam em Jesus e no Seu Reino.
Cada esperanaça frustrada, cada prova vencida, a cada ciclo superado, a cada benção recebida, vamos permanecendo nEle e Ele em nós.
E isso nos dá um propósito genuíno de vida em Sua presença.
Portanto, meus amados irmãos, permaneçam firmes no Senhor. Amo vocês e anseio vê-los, pois são minha alegria e minha coroa de recompensa. Fp 4.1
Um Reencontro significativo
O texto demonstra que quando Jesus finalmente chegou à Betânia, Lázaro já estava morto há quatro dias. Esse detalhe dos "quatro dias" é tão importante que Marta irá usá-lo posteriormente (Jo 11.39). Explicarei o motivo depois.
Quando Jesus chegou a Betânia, disseram-lhe que Lázaro estava no túmulo havia quatro dias. Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, e muitos moradores da região tinham vindo consolar Marta e Maria pela perda do irmão. Jo 11.17-19
Depois daquele jantar com "climão" (quem lembra?), Jesus estaria novamente com as irmãs Marta e Maria.
Um reencontro que visava mais do
que apenas consolo, mas principalmente, revelação!
Podemos ter certeza que Jesus sempre
aparecerá nos momentos dolorosos das
nossas vidas.
A primeira irmã, Marta, quando soube da presença de Jesus, foi ao seu encontro.
Suas palavras são extremamente comoventes:
Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou em casa. Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus lhe dará tudo que pedir”. Jesus lhe disse: “Seu irmão vai ressuscitar”.“Sim”, respondeu Marta. “Ele vai ressuscitar quando todos ressuscitarem, no último dia.” Jo 11.20-24
Marta está enlutada... Não a julguemos precipitadamente...
O luto afeta nosso senso de realidade...
Ela cria em Jesus e confiava sinceramente nele...
"Jesus, Deus lhe dará tudo o que pedir"...
Mas note que a morte de Lázaro a colocou em um ponto de "escapismo" que a aprisionou a um passado frustrante e a um futuro distante demais.
Note suas palavras no texto, reveladoras:
"Senhor, se estivesse aqui"... (as coisas não aconteceram como eu queria)
"Ele vai ressuscitar no último dia"... (provavelmente algum amanhã pela frente será melhor)
Marta estava presa a dor do passado e a uma esperança bem distante... E isso a impediu de enxergar que estava diante do Deus encarnado... do Messias prometido...
Jesus estava presente, no presente, como um presente da Graça! Sua presença era uma forma de encher seu "presente" de vida e esperança...
E, com graça, Ele traz uma revelação ao seu coração:
Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”.“Sim, Senhor”, respondeu ela. “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus.”
Quanta graça nessas palavras...
Ele não disse "Eu era a ressurreição" ou "Eu Serei a ressurreição"...
"Eu Sou"... tempo presente...
Era como se Jesus dissesse para ela: "Tire os olhos do que eu não fiz e tire também daquilo que eu ainda posso fazer.
Coloque sua fé em quem "Eu Sou".
As palavras de Cristo apontavam duas realidades espirituais:
Primeiramente, o Reino do Messias era um reino eterno, que dava vida eterna. Nenhum fiel estava perdido com a morte, mas ela apenas introduzia o povo de Deus à Sua presença no céu. Pelos méritos de Cristo, a morte é um rito de passagem para a eternidade, rito esse que será escatologicamente vencido quando Cristo retornar. Nenhum cristão que morreu, "de fato morreu"... apenas foi introduzido em uma nova forma de existência, até que aconteça a consumação de todas as coisas.
Segundo, Jesus é suficiente para injetar vida em nosso presente. Sua graça é poderosa para curar nossos traumas passados e para nos dar uma esperança viva que não espera apenas um cumprimento no futuro, mas que se torna real, em cada batida de nossa coração, em cada segundo de nossa existência, porque Jesus redime tudo o que toca, inclusive nossas dores e a nossa própria existência...
As palavras de Jesus atingiram o coração de Marta, a ponto de extrair dela uma confissão de fé genuína:
"Eu creio que o Senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus".
Nesse ponto, Marta chegou exatamente onde Cristo queria:
Ela percebeu que Cristo estava presente, e que isso era suficiente.
O ENCONTRO COM MARIA
Após ter o seu "momento com Jesus", Marta volta a sua irmã e diz que o Mestre desejava encontrá-la. A prontidão dela é empolgante.
Para Jesus, nossa resposta deve sempre ser sim!
Em seguida, voltou para casa. Chamou Maria à parte e disse: “O Mestre está aqui e quer ver você”. Maria se levantou de imediato e foi até ele. Jo 11.28,29
As pessoas que estavam ali se impressionaram com a "pressa" de Maria. E foram atrás dela. Mal podiam imaginar que ela os levaria até Jesus. Esse era o plano!
Jesus tinha ficado fora do povoado, no lugar onde Marta havia se encontrado com ele. Quando as pessoas que estavam na casa viram Maria sair apressadamente, imaginaram que ela ia ao túmulo de Lázaro chorar e a seguiram. Jo 11.30-31
A atitude de Maria, ao ver Jesus, deve ser notada por todos.
É uma reação de uma mulher enlutada, mas com uma fé significativamente mais madura que a da irmã (lembra que ela ficou aos pés de Jesus no jantar? Isso parece ter feito muita diferença...)
Assim que chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu a seus pés e disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Jo 11.32
Jesus não precisou revelar nada ao coração dela. Ela já havia entendido.
Era como se ela dissesse: "Eu tive uma experiência ruim com a morte do meu irmão, mas estou satisfeita em ter a Sua presença comigo".
Eu estava chorando, mas chegou aqui aquEle
que é maior do que minhas dores.
...
A fé madura não reclama do que está faltando...
Ela celebra aquilo que tem. Maria tinha a Cristo, e isto bastava...
Todas as vezes que você perceber que seu coração ficou "reclamão", isso significa que você perdeu o contato com Cristo.
Ele deve ser nossa fonte plena de satisfação.
Sejam gratos em todas as circunstâncias, pois essa é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus. 1Ts 5:18 (NVT)
Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. Porque Deus disse: “Não o deixarei; jamais o abandonarei”. Hebreus 13:5 (NVT)
A cura para a ingratidão parece ser revelada aqui... veja: Maria esteve aos pés de Cristo no jantar... Maria esteve aos pés de Cristo na morte de seu irmão... E permanecerá aos pés de Cristo para celebrar o que Cristo fez pelo seu irmão...
Permaneça aos pés de Jesus Cristo...
ali, todas as necessidades legítimas são satisfeitas!
UM DEUS QUE SE IMPORTA
Os versículos seguintes mostram algo maravilhoso da natureza de Jesus. Ele genuinamente se importa e sente as mazelas que o pecado causou na humanidade.
Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. “Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. Jesus chorou. As pessoas que estavam por perto disseram: “Vejam como ele o amava!”. Outros, porém, disseram: “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?”. Jo 11.33-37
Deus não está indiferente ao que acontece nesse mundo.
Por se importar com o homem, Deus se fez homem!
E na sua humanidade, Jesus chorou... e ainda chora...
A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
Jesus então dirigiu-se ao túmulo. Aqui, há uma cena poética: "A Vida foi ao encontro da morte".
Jesus, sentindo-se novamente indignado, chegou ao túmulo, uma gruta com uma pedra fechando a entrada. Jo 11.38
A questão é que pedras não impedem o plano eterno de Deus...
muito menos a morte...
Jesus então, fazendo uso de Sua autoridade divina, ordenou:
“Rolem a pedra para o lado”, ordenou. “Senhor, ele está morto há quatro dias”, disse Marta, a irmã do falecido. “O mau cheiro será terrível.” Jo 11.39
Lembra que eu falei que João destaca os "quatro dias" duas vezes no texto.
Há um significado.
O povo judeu tinha uma tradição, chamada Chabad, que cria que o espírito de um morto permanecia ao seu lado por até três dias antes de encontrar-se com Deus.
Era uma crendice, não uma revelação bíblica.
Esse destaque mostra que, aos olhos dos presentes, a situação de Lázaro já era irreversível,, porque já era o quarto dia.
Por isso Marta insistiu que não seria prudente fazer isso naquele momento...
As vezes a gente tenta ensinar Jesus a respeito do que Ele deve fazer ou não...
Mas isso daria outro sermão...
A história termina de modo apoteótico:
Jesus respondeu: “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?”. Então rolaram a pedra para o lado. Jesus olhou para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Tu sempre me ouves, mas eu disse isso por causa de todas as pessoas que estão aqui, para que elas creiam que tu me enviaste”. Então Jesus gritou: “Lázaro, venha para fora!”. E o morto saiu, com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!”. Jo 11.40-44
Os últimos insights necessários do texto:
De forma bastante clara, Jesus demonstra que o propósito desse milagre não era acalentar Marta e Maria, mas levar os presentes a crerem nEle. A fé madura não pede caprichos, porque é uma fé satisfeita em Cristo. Mas a fé madura acredita em sinais e milagres que levem os outros ao conhecimento do evangelho. Queremos distribuir a esperança que nos salvou.
Para minha família chegar a fé, o Senhor curou meu pai e minha mãe de questões graves de saúde. Mas uma doença ceifou a vida do meu pai. Deus foi "menos Deus" por isso? De forma alguma. Os sinais apontam para Cristo, mas depois que chegamos em Cristo, eles ainda podem acontecer, mas não são mais necessários.
Jesus exigiu que as pessoas presentes "rolassem" a pedra. Esse princípio é real ao longo dos evangelhos. Deus nunca fará o que nós devemos fazer. Embora tudo o que façamos de bom venha da ação do Seu Espírito em nosso coração, somos nós que efetivamente fazemos. A obediência faz parte de uma relação saudável com Cristo. Se não existe obediência recorrente, não houve perdão e nem salvação.
Veja que Jesus orou antes de trazer Lázaro de volta a vida. Jesus, como nosso modelo, nos ensinou que a oração materializa o plano eterno de Deus e revela a glória do evangelho aos nossos corações. Não viveremos "de fato" o evangelho até sermos pessoas de oração.
A palavra gloriosa de Cristo foi liberada, revertendo a morte e trazendo vida. A mesma voz que trouxe a luz à existência agora traz Lázaro de volta a vida. Ele sai, ainda com as faixas mortuárias, mas com vida. As faixas seus amigos precisariam tirar... Deus não faz o que podemos fazer!
Esse sinal apontava com clareza para uma realidade escatológica: pelos méritos de Cristo, no Perfeito Estado Eterno, a morte haveria de ser completamente vencida e aqueles que são dEle venceriam a morte como Ele venceu. Essa é a esperança cristã, a fé do evangelho.
Conclusão
A maior parte dos Mestres reformados enxergam nessa história o modo pelo qual Deus liberta pecadores para pertencerem a Ele. Nessa história, todas as doutrinas da graça são claramente perceptíveis.
A história de Lázaro é a nossa história.
As Escrituras afirmam que o homem está morto em delitos e pecados. Ele não pode nem sequer buscar a Deus e muito menos compreendê-lo (Rm 3.10,11).
Mas Deus graciosamente busca aqueles que receberão o dom da salvação, da mesma forma que Cristo foi até Lázaro para resgatá-lo. É uma escolha soberana. Deus salva aqueles que Ele quer e os recebe em Sua presença por pura e livre graça (Ef 1.3,4).
Esse resgate é particular, e feito a preço de sangue. Jesus morreu em favor de todos os que receberão o dom da salvação e somente por eles. Veja que Cristo chama apenas um dos mortos de volta à vida, Lázaro, demonstrando aqui a realidade de que a expiação é particular (Mc 10.45).
Lázaro não resiste ao chamado. A voz de Cristo reverte a morte em vida. Quando Deus chama um pecador, Ele vem! Nem a morte pode impedir que venha, porque a palavra de Deus é soberana (1Pe 5.10).
A última menção de Lázaro nas Escrituras acontecem em uma mesa, onde a sua ressurreição é celebrada. Isso mostra que ele foi escolhido, ressuscitado, chamado e permaneceu crente.
Assim é a obra de Deus em nós. Ele nos chama para a fé e aqueles que são dEle permanecem na mesa... na comunhão da sua presença, até que Cristo volte.
...
Essa é a vida que Deus promete pelo evangelho! Você pode se livrar da culpa pelos seus pecados e receber o dom da vida eterna, porque aquEle que tem autoridade sobre a morte morreu para perdoar nossos pecados e nos livrar da ira de Deus.
E Ele ressuscitou para nos declarar justos em Sua presença.
Somente através de Jesus Cristo o homem pode ser salvo da condenação eterna!
Se a voz de Cristo foi suficiente para tirar Lázaro da morte, ela também é suficiente para te tirar do pecado hoje.
A pergunta é: você vai responder ao chamado do Mestre?

Pastor Sérgio Fernandes
Pastor Titular da IPR





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